O comitê de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre ebola considera que o surto ainda é uma emergência sanitária mundial e a preocupação com o avanço pela África Ocidental continua. O número de mortes chegou a 4.877, mas pode ser até três vezes maior.
“Foi a terceira vez que este comitê se reuniu desde agosto. Nesse período, houve casos na Espanha e nos Estados Unidos, enquanto Senegal e Nigéria saíram da lista de países afetados”, disse a porta-voz da OMS, Fadela Chaib. Em dois meses, a taxa de infecção nos países mais afetados quase triplicou e alguns especialistas alertaram para a possibilidade de as infecções chegarem a 10 mil por semana em dezembro. A taxa de letalidade se aproxima de 70%.
É justamente essa taxa de letalidade que indica que o número de mortes está subestimado. Ao aplicar esse número sobre o total de contaminados, que se aproxima de 10 mil, pode-se considerar uma subnotificação. Especialistas da OMS já sugerem multiplicar os casos por um fator de 1,5 vez na Guiné, por 2 em Serra Leoa e por 2,5 na Libéria. Isso levaria a um total de mortes de quase 15 mil.
Proliferação
Na semana passada, a transmissão da doença se intensificou nas capitais Monróvia (Libéria) e Freetown (Serra Leoa), enquanto na capital da Guiné, Conacri, foram confirmados 18 casos, o segundo número semanal mais alto desde o início do surto. A reação à doença agora se baseia em um “plano 70-70-60”: isolar 70% dos pacientes e enterrar com segurança 70% dos cadáveres em um período de 60 dias, até 1.º de dezembro.
Ainda que o ebola esteja provavelmente contido na Nigéria e no Senegal, a doença está se espalhando na direção da Costa do Marfim, tanto pela Libéria quanto pela Guiné, incluindo o distrito de Kankan, na Guiné, uma das principais rotas com Mali – que registrou o primeiro caso ontem (uma menina de apenas 2 anos).
Entre os milhares de infectados há 443 trabalhadores do setor de saúde, com 244 mortes. A OMS disse que está realizando análises para determinar por que o número de vítimas no setor é tão alto. “Indicações preliminares apontam que parte das infecções aconteceu fora do contexto do tratamento do Ebola”, afirma a entidade.
Auditoria
Após a reunião de especialistas, a OMS deu o primeiro indicativo de que deve abrir auditoria para investigar se, por razões políticas ou administrativas, subestimou a crise inicialmente. Uma auditoria foi prometida pela porta-voz da OMS, Fadela Chaib. “Sem dúvida, existe o desejo e a vontade de realizar essa análise. Sabemos que temos muito a explicar e a OMS o fará. Agora, nos concentraremos na resposta à crise.” Com agências internacionais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.