Moradores da região central das Filipinas fugiram de suas casas na região costeira e começaram a fazer compras para estocar itens de primeira necessidade por causa de uma forte tempestade que aproxima-se rapidamente do país, trazendo de volta os temores decorrentes do tufão Haiyan, que atingiu o país no ano passado.
O tufão Hagupit, palavra filipina para “esmagar”, tinha ventos sustentados de 205 quilômetros por hora com rajadas de até 240 quilômetros por hora sobre o oceano Pacífico, e estava a cerca de 700 quilômetros da costa leste filipina.
Segundo dados meteorológicos, o Hagupit deve atingir a província de Samar no sábado e seguir a mesma trajetória que o Haiyan, que destruiu vilas e deixou mais de 7.300 mortos e desaparecidos em novembro do ano passado.
A sobrevivente do Hayan Emily Sagales disse que muitos de seus vizinhos na cidade de Tacoblan, que foi fortemente atingida pelo tufão de 2013, fizeram as malas e foram para um ginásio de esportes ou para a casa de parentes.
Longas filas se formavam em mercearias e postos de gasolina, pois os moradores fazem estoque de produtos básicos, disse ela.
“O trauma voltou”, afirmou Sagales, de 23 anos. Após o tufão do ano passado, que matou sua sogra e destruiu sua casa, ela deu à luz sua primeira filha, numa clínica improvisada cheia de feridos nas proximidades do aeroporto Tacloban. “É pior agora, porque no ano passado eu não tinha um bebê com o qual me preocupar”, afirmou.
O Haiyan destruiu cerca de 1 milhão de casas e deixou cerca de 4 milhões de pessoas desabrigadas na região central das Filipinas. Centenas de moradores que ainda vivem em barracas em Tacloban tiveram prioridade na atual de retirada de pessoas.
Os hotéis de Tacloban, cidade de mais de 200 mil moradores, ainda lutam para se recuperar dos danos do ano passado. Agora, estão ficando sem quartos disponíveis, já que as famílias mais abastadas já reservaram quartos para o final de semana.
“O sol ainda brilha, mas obviamente as pessoas estão assustadas. Quase todos os nossos quartos já foram reservados”, disse Roan Florendo, do hotel Leyte Park, que fica perto da baía de San Pedro Bay, em Tacloban.
O governo colocou o Exército em alerta total, funcionários públicos abriram centros de abrigo e transportavam pacotes de alimentos, medicamentos e sacos para corpos para aldeias mais distantes, que podem ser atingidas pelas fortes chuvas.
Em Manila, o presidente Benigno Aquino III conduziu uma reunião de emergência com as agências de resposta para desastres nesta quinta-feira e ordenou medidas para evitar as compras motivadas pelo pânico e o acúmulo de produtos.
Aquino verificou a prontidão dos aviões da Aeronáutica filipina e os planos de prontidão da polícia e dos hospitais para lidar com possíveis saques como os que aconteceram em Tacloban após a passagem do Haiyan.
“Eu acho que o desafio maior foi Yolanda”, disse o presidente às autoridades, usando o nome local para o Haiyan. Mas durante a reunião, que foi transmitida para todo o país pela televisão, ele foi informado que o tufão havia ganhado força.
Inicialmente, a meteorologia havia informado que havia a possibilidade de o tufão virar para o norte, afastando-se das Filipinas e tomar a direção do Japão. Mas o secretário de Ciência e Tecnologia Mario Montejo disse a Aquino nesta quinta-feira que é quase certo que o tufão vai atingir a costa leste do país.
Algumas cidades, por onde o tufão deve passar, informaram que fecharão suas escolas na sexta-feira. O serviço de balsas entre as ilhas e alguns voos comerciais já foram cancelados.
O governo também decidiu transferir o local de uma reunião do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, marcada para a próxima semana, da província de Albay, que pode ser atingida pelo tufão, para a capital, Manila. Centenas de diplomatas devem participar do encontro.