Centenas de policiais de Nova York voltaram as costas ao prefeito da cidade, Bill de Blasio, quando ele discursava durante o funeral de um policial assassinado. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, e o governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, também participaram da cerimônia neste sábado na Igreja do Tabernáculo de Cristo, no bairro do Queens.
A reação dos policiais que acompanhavam a cerimônia em um telão instalado do lado de fora da igreja seguiu-se a declarações de líderes do sindicato da polícia, segundo as quais De Blasio contribuiu para o clima de desconfiança entre a população e a polícia, o que teria levado ao assassinato de Rafael Ramos, sepultado neste sábado, e seu colega Wenjian Liu, mortos a tiros no dia 20 quando sentados dentro de um carro de patrulha (a data do funeral de Liu ainda não foi marcada, porque depende da vinda de seus familiares da China).
A morte dos dois policiais aconteceu depois de semanas de protestos contra a violência policial em dezenas de cidades norte-americanas. As manifestações aconteceram depois de a Justiça dos EUA não indiciar os policiais envolvidos nas mortes de dois homens negros desarmados, Michael Brown, morto a tiros em Ferguson (Missouri) e Eric Garner, asfixiado em Staten Island, em Nova York. De Blasio é criticado pelos policiais por ter condenado a violência excessiva da polícia contra minorias étnicas. O presidente do sindicato dos policiais de Nova York, Patrick Lynch, chegou a dizer que De Blasio tem “sangue em suas mãos”.
Dentro da igreja, os participantes da cerimônia aplaudiram o prefeito. Discursando durante a cerimônia, o prefeito disse que “toda esta cidade está de luto, e por muitas razões. Mas a mais pessoal é que perdemos um homem tão bom, e a família está sofrendo”.
O vice-presidente Biden disse que a polícia de Nova York é “provavelmente a melhor do mundo”. “Quando as balas de um assassino atingiram dois policiais, elas atingiram esta cidade e isso tocou a alma de todo um país”, acrescentou. O governador Cuomo disse que as mortes dos dois policiais “foi um ataque contra todos nós”.
As muitas manifestações oficiais em favor da polícia, que incluíram uma missa na Catedral de St. Patrick celebrada pelo arcebispo de Nova York, cardeal Timothy Dolan, no dia 21, contribuíram para que os protestos contra a violência policial diminuíssem de intensidade na última semana. Fonte: Associated Press.