Estados alteram calendário para dar início à vacinação de professores e policiais

Cinco Estados brasileiros realizaram ajustes nos planejamentos da vacinação contra o coronavírus para passarem a incluir categorias específicas, como professores e profissionais da segurança pública. Em São Paulo, o anúncio por parte do governador João Doria (PSDB) ocorreu na semana passada e a aplicação das doses nesses públicos deve começar a acontecer em abril. Pará, Amazonas, Goiás e Espírito Santo tomaram decisões similares.

Há cerca de uma semana, o Pará começou a vacinar policiais militares e civis, agentes de trânsito, militares do Corpo de Bombeiros e outros servidores ligados à segurança pública. Até o momento, em torno de oito mil doses foram aplicadas.

Neste domingo, 28, o Amazonas também iniciou a imunização desses profissionais, após decisão da Justiça. A Defensoria Pública tentou barrar a imunização das categorias, mas não obteve sucesso. Em nota, a secretaria de Segurança defendeu que só os policiais na linha de frente serão vacinados, e não os que fazem teletrabalho ou serviço administrativo.

A expectativa é distribuir cerca de 5 mil doses na primeira semana. Com 9,87% dos habitantes imunizados com ao menos a primeira dose, é o Estado onde mais vacinas já foram utilizadas em números proporcionais à população.

Em Goiás, desde a segunda-feira, 29, a categoria está contemplada. O planejamento envolve trabalhadores que estão na ativa e utiliza como critério a ordem decrescente de idade. O efetivo policial goiano apresenta uma taxa de infecção quase três vezes maior que a da população geral, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública local (SSP-GO), superior a 18%.

No Sudeste, São Paulo e Espírito Santo anunciaram datas para o início da vacinação de ambas as categorias ainda na primeira quinzena de abril. Em São Paulo, a imunização de profissionais da segurança pública começará no dia 5 e a dos profissionais de educação na semana seguinte, no dia 12. No Espírito Santo, os grupos serão vacinados a partir do dia 15.

As medidas estão dentro do previsto pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), na visão do diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri. Segundo ele, apesar de orientar que as categorias profissionais sejam vacinadas somente após a imunização de idosos e pessoas com comorbidades, o Plano prevê autonomia de Estados e municípios para realizar alterações necessárias adequadas à realidade local. "Em geral, a regra básica é o que o Ministério da Saúde propõe e pequenos ajustes podem eventualmente acontecer", afirma.

O epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, critica a falta de uma coordenação efetiva na vacinação. "Lamentavelmente, o processo de vacinação tem sido assim no Brasil, confuso e sem qualquer padronização", diz ele, que vê motivação política na escolha do Amazonas.

<b>Mobilizações em outros Estados</b>

Ao longo da última semana, os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, destacaram a importância de incluir professores no calendário de vacinação. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que pretende incluir na próxima etapa de imunização cerca de 50 mil trabalhadores da educação.

Em Roraima, o governo estadual vem articulando medidas com o Ministério da Saúde para garantir a vacinação dos profissionais da segurança pública até o final de abril. No Piauí, no dia 31 deste mês, a pauta será tema de uma reunião entre representantes das Secretarias de Saúde Municipais e Estadual.

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