Os destinos do jornalista japonês e do piloto jordaniano eram desconhecidos nesta sexta-feira, um dia depois do prazo final para uma possível troca de prisioneiros e sem qualquer declaração do Estado Islâmico, grupo que mantém os dois reféns.
“Instituições do governo trabalham 24 horas por dia no caso do piloto Muath al-Kaseasbeh”, disse o porta-voz militar Mamdouh al-Ameri em comunicado. “Vamos informá-los de qualquer novidade no tempo devido. Ele pediu aos jordanianos que não prestem atenção a rumores.
Na quinta-feira, o governo da Jordânia declarou que só libertaria a prisioneira condenada à morte se fosse apresentada uma prova de que o piloto estava vivo.
Autoridades japonesas também não apresentaram novidades. “Não há nada que eu possa dizer a vocês”, declarou o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, aos jornalistas. Ele reiterou que o Japão “confia fortemente” na Jordânia para ajudar a salvar o refém japonês, o jornalista freelancer Kenji Goto.
Suga disse que o governo está em contato próximo com a mulher de Goto, Rinko Jogo, que divulgou um comunicado implorando pela vida do marido.
“Eu temo que esta seja a última chance para o meu marido e temos apenas algumas horas”, disse Jogo em comunicado divulgado por meio do Rory Peck Trust, organização de jornalistas freelancers sediada em Londres.
Uma mensagem de áudio divulgada supostamente pelo Estado Islâmico, dizia que o piloto, o tenente Muath al-Kaseasbeh, seria morto se Sajida al-Rishawi, integrante da Al-Qaeda condenada à morte na Jordânia, não fosse libertada na fronteira turca até o pôr-do-sol de quinta-feira, horário do Iraque.
A mensagem não deixava claro o que aconteceria com Goto se a iraquiana não fosse trocada até o prazo final.
Após o pôr-do-sol no Oriente Médio e sem novas informações sobre o destino dos reféns, a agonia das famílias aumentava.
A mulher de Goto disse que havia evitado declarações públicas para tentar proteger suas filhas, um bebê e uma menina de dois anos, das atenções da mídia.
Na capital jordaniana, Amã, o irmão do piloto, Jawdat al-Kaseasbeh, disse que a família não tinha “ideia” de como iam as negociações. “Não recebemos garantias de ninguém de que ele está vivo”, declarou ele à Associated Press. “Estamos esperando, apenas esperando.”
O Estado Islâmico não apresentou provas de que o piloto estava vivo, afirmou na quinta-feira o porta-voz do governo jordaniano, Mohammed al-Momani.
A iraquiana Al-Rishawi, de 44 anos, foi sentenciada à morte por enforcamento por sua participação num ataque suicida, um dos três contra hotéis de Amã em novembro de 2005, que matou 60 pessoas. Ela sobreviveu porque seu cinturão de explosivos não detonou. Inicialmente, ela confessou a participação, mas posteriormente se retratou, dizendo que tomou parte da ação contra sua vontade.
Al-Rashawi é da cidade de Ramadi e sua família tem ligações próximas com o ramo iraquiano da Al-Qaeda, precursor do Estado Islâmico. Três de seus irmãos eram integrantes da Al-Qaeda e morreram em combate no Iraque.
A situação dos reféns fez com que o Ministério de Relações Exteriores do Japão emitisse uma advertência nesta sexta-feira para que jornalistas evitassem cidade na fronteira entre Turquia e Síria, que seria o ponto de troca de prisioneiros
Segundo o documento, militantes do Estado Islâmico devem estar cientes de quem está na região. “Não podemos desconsiderar a possibilidade de sequestro de jornalistas japoneses ou de outros riscos para esses profissionais”, diz o alerta.
“Sob tais circunstâncias, o trabalho jornalístico na fronteira entre Turquia e Síria, mesmo do lado turco, e obviamente na Síria, deve levar a riscos imprevistos e ser muito perigoso”, diz o comunicado, reiterando alertas anteriores. “Pedimos que vocês evitem visitar ou permanecer na área para trabalhos jornalísticos e deixem a região imediatamente.” Fonte: Associated Press.