Internacional

Malásia mantém condenação de líder opositor por sodomia

O líder opositor malaio Anwar Ibrahim começou nesta terça-feira a cumprir sua sentença de cinco ano de prisão depois de um tribunal ter rejeitado seu recurso final contra uma condenação por sodomia. O réu considerou a decisão “o assassinado da independência do Judiciário” e grupos de defesa dos direitos humanos afirmaram que o veredicto foi injusto.

O caso é visto, tanto no país quanto no exterior, como uma ação politicamente motivada para eliminar qualquer ameaça à coalizão que governa do país, cuja popularidade vem caindo desde 2008, após mais de cinco décadas de domínio inquestionável. Anwar é o mais popular, expressivo e visível símbolo do ressurgimento da oposição e tornou-se uma potente ameaça polícia ao primeiro-ministro Najib Razak.

A polícia levou Anwar para fora do tribunal para que ele começasse a cumprir sua sentença. “Tenho de ir. O tempo acabou”, disse o político de 67 anos no interior do tribunal. “Sentirei falta de todos vocês”, afirmou, curvando-se, antes de ir embora.

Anwar foi acusado de sodomizar Saiful Bukhari Azlan, então com 23 anos, que trabalhava como auxiliar no escritório de campanha da oposição, em 2008.

Homossexualismo é crime na Malásia, país de maioria muçulmana, e é punível com até 20 anos de cadeia e chicotadas, embora esse tipo de caso raramente seja levado à Justiça.

Anwar foi absolvido pelo Tribunal Superior em 2012, mas o Tribunal de Recursos anulou a absolvição em março do ano passado e o sentenciou a cinco anos de prisão. O réu apelou ao Tribunal Federal que, em sua decisão divulgada nesta terça-feira, diz haver “evidências esmagadoras” que apoiam a condenação.

“Está além de qualquer dúvida razoável que (Saiful) foi sodomizado pelo réu. O recurso foi rejeitado”, disse o juiz Arifin Zakaria, que leu o veredicto por duas horas em nome de um painel de cinco jurados.

Saiful afirma que foi submetido a sodomia porque tinha medo de Anwar. Agora, aos 30 anos, ele está casado e tem um filho. Nesta terça-feira Saiful disse em seu blog que é grato pelo julgamento e que ele prova que o tribunal o considera uma testemunha digna de confiança. “O importante é que eu e minha família podemos agora seguir em frente.”

O veredicto atraiu uma série de críticas de grupos de direitos humanos locais e internacionais, dentre eles a Anistia Internacional, o Human Rights Watch e a Federação Internacional de Direitos Humanos. Eles consideraram o veredicto “vergonhoso”, “totalmente injusto” e disseram que se trata de “um dia negro”. Fonte: Associated Press.

Posso ajudar?