Os líderes da Rússia, Ucrânia, França e Alemanha encerraram nesta quinta-feira de uma maratona de 16 horas de negociações e anunciaram um amplo acordo para o leste da Ucrânia, mas ainda há dúvidas sobre se a Ucrânia e os rebeldes pró-Rússia chegaram a um conclusão sobre todos os termos da discussão.
O presidente russo Vladimir Putin disse aos jornalistas que o compromisso prevê que o cessar-fogo entrará em vigor a partir da zero hora de domingo (horário local, 19 horas de sábado, em Brasília). Segundo ele, a partir desse momento também passará a valer o status especial para as regiões rebeldes, disposições sobre controles e fronteira e questões humanitárias.
Já o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, negou que tenha havido qualquer acordo sobre autonomia no leste do país.
Mais de 5.300 pessoas morreram desde abril em combates na região, que continuavam a ocorrer nesta quinta-feira, apesar do encontro dos líderes.
Falando aos repórteres após das conversações, Putin disse que “não foi a melhor noite da minha vida, mas a manhã, eu acho, é boa, porque conseguimos concordar sobre os pontos principais, apesar de todas as dificuldades das negociações”.
O presidente russo acrescentou, porém, que ele e Poroshenko discordaram na avaliação da situação num importante ponto de combate, a cidade de Debaltseve, que há semanas é foco de violentos combates.
O presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel comprometeram-se em ajudar na verificação do processo de cessar-fogo, juntamente com os líderes russo e ucraniano.
Após as negociações, Hollande disse que o anúncio de um novo cessar-fogo é um “alívio para a Europa”.
O cessar-fogo anterior, negociado em setembro, ruiu quando tanto as forças do governo ucraniano e como os rebeldes tentaram conquistar mais territórios.
“Chegamos a um acordo, um acordo para um cessar-fogo e a uma solução política global do conflito ucraniano”, disse Hollande. “A solução global incluirá todas as questões, do cessar-fogo ao controle de fronteiras e à descentralização e, obviamente, a retirada de armamentos pesados e a retomada das relações econômicas”.
Ele também elogiou Putin por usar “a necessária pressão sobre os separatistas”.
“Fomos apresentados a várias condições inaceitáveis de retirada e rendição”, disse Poroshenko aos jornalistas após as negociações. “Não concordamos com qualquer ultimato e permanecemos firmes na posição de que o cessar-fogo anunciado é incondicional.”
Poroshenko disse também que os documentos assinados preveem a retirada de todas as tropas e militantes estrangeiros e da Ucrânia que o Ocidente afirma que Rússia enviou para o leste ucraniano para ajudar os rebeldes.
Moscou nega as acusações, afirmando que os que foram para a região são voluntários, embora a grande quantidade de armamento pesado e sofisticado leve a crer no contrário.
As ações diplomáticas franco-alemãs tiveram início depois de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter anunciado que estudaria a possibilidade de enviar armamento letal para a Ucrânia, tendo em vista o aumento da violência na região. Para os europeus, a medida só ampliaria as hostilidades no leste ucraniano. Fonte: Associated Press.