O presidente deposto do Egito, Mohammed Morsi, enfrenta a partir deste domingo mais um julgamento no Cairo, desta vez acusado de espionagem e por vazar informações confidenciais do país ao Catar enquanto estava no poder.
A audiência foi interrompida até o dia 28 de fevereiro porque a corte determinou que a defesa deveria ter o direito de interrogar Morsi e outros dez réus do caso. Procuradores explicaram que os acusados que serão ouvidos são membros do grupo Irmandade Muçulmana, que apoiou o ex-presidente em sua escalada ao cargo em 2012 e foi banido quando o Exército derrubou o governo um ano depois.
“Eu sou o presidente legítimo e este tribunal é uma farsa”, acusou Morsi, desafiador e algumas vezes sorridente durante a audiência. Os outros réus negaram as acusações, levantando os dedos em um gesto que se tornou símbolo da Irmandade.
Procuradores acusam Morsi de ter conspirado com os outros acusados para vazar documentos secretos de Estado, incluindo arquivos militares e de segurança, para o Catar – país que apoiou amplamente a sua presidência e se tornou um rival poderoso dos seus sucessores militares.
O ex-presidente, derrubado em julho de 2013 após protestos em massa que pediam sua renúncia, não reconhece a legitimidade da corte e insiste que a liderança atual do Egito chegou ao poder por meio de um golpe de Estado e que, portanto, não tem o direito de governar. Desde a deposição, o governo, agora liderado pelo ex-chefe das forças armadas Abdel Fattah el-Sisi, lançou uma campanha para acabar com a Irmandade Muçulmana e qualquer outro oponente político.
Morsi enfrenta outros três julgamentos, com acusações que incluem conspiração para organizar fugas da cadeia, relações ilegais com outros países e incitação do assassinato de manifestantes – crime pelo qual ele poderia ser sentenciado à morte. Ele foi o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, mas seu mandato turbulento de apenas um ano deixou o país profundamente dividido. Fonte: Associated Press.