Milicianos curdos e cristãos combatiam militantes do grupo Estado Islâmico no nordeste da Síria nesta quarta-feira, mesma região onde o grupo extremista sequestrou recentemente pelo menos 70 cristãos, após invadir uma série de vilas.
A província de Hassakeh, que faz fronteira com a Turquia e o Iraque, tornou-se o mais recente campo de batalha da luta contra o Estado Islâmico. A população local é predominantemente curda, mas há também árabes e cristãos assírios e armênios.
Num ataque realizado durante a madrugada da segunda-feira, o grupo invadiu comunidades ao longo do rio Khabur, sequestrando dezenas de pessoas, muitas delas mulheres e crianças. Milhares fugiram para locais mais seguros.
O destino dos reféns, quase todos cristãos assírios, ainda era desconhecido nesta quarta-feira, dois dias após o sequestro. O sequestro eleva os temores entre minorias religiosas tanto na Síria quanto no Iraque, que têm sido alvo de ações do Estado Islâmico. Durante a sangrenta campanha do grupo nos dois países, onde declarou um califado, minorias têm sido atacadas e mortas e expulsas de suas casas. Mulheres pertencentes a esses grupos minoritários são escravizadas e templos têm sido destruídos.
Os assírios são cristãos cujas raízes remontam aos antigos mesopotâmicos.
“Estamos assistindo a história viva, mas tudo o que ela engloba está desaparecendo”, escreveu Mardean Isaac, integrante do A Demand for Action, grupo ativista que busca proteção para minorias étnicas e religiosas no Oriente Médio.
Ele pediu mais ataques aéreos dos Estados Unidos e de potências ocidentais para ajudar as forças assírias e curdas que combatem militantes na Síria. Estados Unidos e seus parceiros na coalizão regional realizam ataques aéreos contra o grupo extremista.
Em seus primeiros comentários sobre a questão, a agência estatal síria de notificas Sana disse que cerca de 90 civis foram sequestrados pelo Estado Islâmico. Segundo a agência, os militantes queimaram casas e roubaram pertences dos moradores das vilas atacadas e os sequestrados foram levados para a cidade de Shaddadi.
O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, grupo sediado em Londres, e o grupo cristão Conselho Militar Siríaco informaram que pesados confrontos contra militantes do Estado Islâmico continuavam na região. O Conselho Militar Siríaco, que combate ao lado de curdos e milicianos árabes, disse que luta para “expulsar os que realizam bárbaros ataques contra os combatentes pela liberdade”.
O Estado Islâmico tem um histórico de matar reféns, dentre eles jornalistas estrangeiros, soldados sírios e milicianos curdos. Mais recentemente, milicianos líbios, afiliados ao grupo extremistas, divulgaram um vídeo que mostra a decapitação de 21 cristãos egípcios. Mas os extremistas também podem usar os reféns assírios para tentar negociar uma troca de prisioneiros com milícias curdas que combatem o Estado Islâmico no nordeste da Síria. Fonte: Associated Press.