Milhares de pessoas se reuniram neste sábado na cidade de Selma, no estado norte-americano do Alabama, para ouvir o discurso do presidente Barack Obama no 50º aniversário de um marco no movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos.
Depois de um pequeno atraso na viagem por questões de segurança, Obama chegou a Selma e fez um discurso centrado em temas atuais. O presidente lembrou a morte de um jovem negro por um policial branco em Ferguson, no Missouri, e voltou a criticar leis com restrições eleitorais. Para Obama, medidas sendo adotadas em estados do sul do país dificultam o voto.
“Cinquenta anos depois de Selma, há leis neste país destinadas a tornar mais difícil que as pessoas votem”, disse Obama. Ele desafiou o Congresso norte-americano a “cumprir sua missão e restaurar a lei este ano”.
O presidente já havia discutido o tema do direito ao voto antes, incluindo no seu discurso “State of the Union”. Sua administração tem questionado estados que impuseram novas exigências para votar, incluindo a necessidade de mostrar foto com identificação e coibindo oportunidades para votar cedo. Críticos dessas medidas dizem que elas afetam sobretudo eleitores de minorias e que representam um retrocesso nas conquistas do movimento pelos direitos civis.
No aniversário do “domingo sangrento”, o dia de 1965 em que a polícia atacou pessoas que participavam de uma passeata pelo direito ao voto, Obama prestou uma homenagem a Selma. O presidente norte-americano afirmou que aquele local mudou o destino do país há 50 anos. A cidade, declarou, é um símbolo de que ainda há mais trabalho a ser feito para reparar as relações raciais.
“Sabemos que a marcha ainda não acabou, que a corrida ainda não está ganha, e que nos tornarmos uma nação abençoada em que somos julgados pelo conteúdo do nosso caráter requer admitir esses pontos”, disse Obama em seu discurso.
Obama afirmou que a história racial dos Estados Unidos ainda “lança uma grande sombra”, mas que progresso tem sido feito. O presidente falou daquilo que considerou ser retrocessos recentes, como o relatório do departamento de Justiça detalhando tratamento supostamente inconstitucional dado pela polícia a afro-americanos em Ferguson.
“O que aconteceu em Ferguson pode não ser um caso único, mas não é mais algo epidêmico, não é mais aceito pela lei e os costumes”, disse Obama. “Antes do movimento pelos direitos civis, era certamente aceito”, completou.
Entre os que participaram das comemorações neste sábado, estava a primeira-dama Michelle Obama, o ex-presidente George W. Bush e uma delegação de membros do Congresso que incluía o deputado John Lewis, nascido no Alabama e um dos que foram seriamente feridos na violência da marcha pelos direitos cinquenta anos atrás. Fonte: Dow Jones Newswires.