O presidente ucraniano Petro Poroshenko disse que o governo e as forças rebeldes retiraram a maior parte de seus armamentos pesados no leste do país, mas cada um dos lados acusou o outro nesta terça-feira de protelar o cumprimento dos termos do acordo do cessar-fogo.
O otimismo cauteloso demonstrado Poroshenko foi esfriado pelas declarações de seu ministro de Relações Exteriores, que acusou os rebeldes de obstruírem as tarefas dos monitores que verificam a retirada. Um porta-voz rebelde acusou as forças ucranianas de estarem atrasadas na retirada dos armamentos.
Poroshenko disse em entrevista à televisão estatal na noite de segunda-feira que armamentos pesados continuavam nas proximidades do aeroporto da cidade de Donetsk, que é controlada por rebeldes.
O progresso no processo de retirada, acertado durante as negociações de paz realizadas em fevereiro, deve impulsionar as tentativas para se chegar a um fim definitivo para o conflito que, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) já matou mais de 6 mil e desalojou 1,8 milhão de pessoas.
A retirada é supervisionada por centenas de monitores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que reclamou da falta de cooperação dos dois lados.
O coronel Andriy Lysenko, porta-voz das operações militares da Ucrânia no leste do país, disse que as forças do governo mantêm a opção de retornar as armas para suas posições originais se as hostilidades forem retomadas.
“Para não colocarmos nossos militares em risco na linha de frente, temos artilharia posicionada não muito longe”, disse ele. “No caso de necessidade, elas serão trazidas de volta.”
Lysenko disse também que as tropas ainda estão na linha de frente estão equipadas com as pesadas armas de infantaria necessárias para repelir qualquer avanço rebelde. Ele não especificou que tipo de armas as tropas mantém, mas o termo armamento pesado de infantaria geralmente sugere morteiros, lançadores de granada e armas antitanque.
Pelo acordo fechado em 12 de fevereiro na capital da Bielorrúsia, Minsk, armamentos pesados devem ser retirados para distâncias entre 25 quilômetros e 70 quilômetros da linha de frente, dependendo do calibre das armas.
Eduard Basurin, representante das formações armadas rebeldes, acusou as forças ucranianas nesta terça-feira de estarem atrasadas na retirada dos armamentos.
O ministro de Relações Exteriores ucraniano Pavlo Klimkin por sua vez acusou os rebeldes de Donetsk e Lugansk de reduzir a retirada de armas a uma “falsificação”.
“Eles barram constantemente o acesso da missão de monitoramento da OSCE que inspeciona o processo de retirada”, disse Klimkin após participar de uma reunião com graduados oficiais de segurança.
Relatório da OSCE divulgado no domingo diz que os dois lados têm obstruído os esforços da missão de monitoramento. O documento lista uma série de situações nas quais as Forças Armadas ucranianas e combatentes rebeldes ordenaram que os grupos da OSCE parassem de seguir os comboios que retiravam os armamentos. Fonte: Associated Press.