Mais de 20 grupos internacionais de assistência criticaram duramente o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira, dizendo que o órgão fracassou na implementação de três resoluções aprovadas no ano passado, cujos objetivos eram melhorar a assistência humanitária para civis sírios atingidos pela guerra no país.
As 21 organizações humanitárias e de direitos humanos deram uma “nota de reprovação” às potências mundiais e a toda a comunidade internacional, no momento em que o conflito sírio entra em seu quinto ano.
Os choques, que tiveram início com protestos pacíficos antes de se transformarem numa guerra civil, desencadearam uma devastadora crise humanitária que tomou conta de toda a região.
Desde o início do conflito, mais de 220 mil pessoas morreram e 1 milhão ficaram feridas. Cerca de 4 milhões de sírios fugiram e se registraram como refugiados em países vizinhos, enquanto outros 7,6 milhões estão desalojados no interior da Síria. No total, estima-se que 12,2 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, segundo a ONU.
A crise fez com que o Conselho de Segurança – geralmente paralisado por causa das diferentes opiniões de seus integrante sobre a Síria – aprovasse três resoluções no ano passado com o objetivo de aumentar a ajuda humanitária. A resolução mais recente, aprovada por unanimidade em dezembro, estendeu a entrega de bens para sírios em áreas tomadas por rebeldes sem a necessidade de aprovação de Damasco.
Mas os grupos dizem que a diplomacia não se traduziu em ações em solo.
“A dura realidade é que o Conselho de Segurança fracassou em implementar suas resoluções”, disse Jan Egeland, secretário-geral do Norwegian Refugee Council. “O ano passado foi o mais sombrio desta guerra horrível. Os lados do conflito agiram sem impunidade e ignoraram as exigências do Conselho de Segurança; os civis não são protegidos e seu acesso à ajuda não foi melhorado.”
Andy Baker, chefe de resposta para a crise síria da Oxfam, disse que as palavras da ONU “agora atingem o vazio”.
“No ano passado houve poucas ações concretas dos lados envolvidos no conflito e de governos com influência para enfrentar a crescente crise humanitária na Síria”, disse Baker.
No relatório de 27 páginas, as organizações dizem que o número de pessoas que precisam de ajuda em áreas de difícil acesso quase dobrou no ano passado, para 4,8 milhões. O número de crianças que precisam de assistência subiu para 5,6 milhões, uma elevação de 31% em relação ao período anterior.
Já os recursos não mantiveram o ritmo das necessidades. Em 2013, 71% dos recursos necessários para ajudar os sírios desalojados no país, assim como os refugiados, foram recebidos. No ano passado, foram apenas 57%, afirmaram os grupos.
Fonte: Associated Press.