Os Estados Unidos estão acelerando as entregas de armas à coalizão liderada pela Arábia Saudita contra rebeldes que atuam no Iêmen, ao mesmo tempo que o primeiro barco que transporta ajuda médica para o país chega à cidade portuária de Áden, onde pesados confrontos ocorrem há pelo menos três semanas.
Nesta terça-feira, falando em Riad, capital da Arábia Saudita, o subsecretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, atribuiu a violência no Iêmen às ações de rebeldes xiitas, conhecidos como houthis, e às forças leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, dizendo que os Estados Unidos estão comprometidos com a defesa da Arábia Saudita.
“Aceleramos a entrega de armas à coalizão de defesa do Iêmen, aumentamos o compartilhamento de informações e estabelecemos uma coordenação conjunta e uma célula de planejamento de operações na Arábia Saudita”, disse Blinken à repórteres após uma reunião com o rei Salman, da Arábia Saudita, e o presidente exilado do Iêmen, Abed Rabbo Mansour Hadi, que fugiu do país após a ocupação de Áden pelos houthis.
O compartilhamento dos sistemas de inteligência inclui a disponibilidade de imagens aéreas que podem ser usadas nos bombardeios contra as forças anti-Hadi, afirmou uma autoridade do Departamento de Defesa dos EUA, que falou em anonimato. Blinken disse que os EUA e as seis nações que fazem parte do Conselho de Cooperação do Golfo devem coordenar de perto e pressionar todas as partes a procurar uma solução política.
Os combates no Iêmen colocam Hadi e seus aliados contra os houthis e milícias leais a Saleh. O Irã prestou apoio militar no passado aos xiitas iemenitas, mas hoje nega participação no conflito.
A campanha aérea do Golfo Árabe, que apoia Hadi, começou em 25 de março e até agora não conseguiu retomar Áden, segunda maior cidade do Iêmen e importante porto da região. A cidade foi declarada capital provisória por Hadi, antes de ele fugir para a Arábia Saudita.
Ontem, a Organização Mundial da Saúde alertou que há uma crise humanitária em curso no Iêmen, dizendo que ao menos 560 pessoas, incluindo dezenas de crianças, foram mortas, a maior parte deles nas campanhas aéreas e batalhas terrestres. A instituição afirmou que mais de 1,7 mil pessoas foram feridas e outras 100 mil fugiram de suas casas à medida que os conflitos se intensificaram nas últimas três semanas.
Nesta quarta-feira, chegou ao Porto de Áden o primeiro barco que transportava ajuda médica ao Iêmen, informou a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras. A líder do grupo no Iêmen, Marie-Elisabeth Ingres, confirmou que cerca de 2,5 toneladas de suprimentos chegou vindo de Djibuti ao hospital da cidade portuária.
Al-Qaeda
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ash Carter, alertou nesta quarta-feira que um ramo da Al-Qaeda está fazendo “grandes avanços” no território do Iêmen e que Washington terá de repensar a forma de lidar com o grupo terrorista.
Carter disse ainda o colapso do governo central do Iêmen faz com que seja mais difícil conduzir operações de contraterrorismo contra a Al-Qaeda na Península Arábica.
“Isso não significa que nós não tomaremos medidas para nos proteger. Nós temos de fazer isso de uma maneira diferente”, afirmou Carter, sem oferecer mais detalhes.
Irã
A emissora estatal do Irã informou nesta quarta-feira que a República Islâmica enviou um destroier da Marinha e outro navio para águas perto do Iêmen, com o objetivo de “salvaguardar rotas para navios na região”.
No entanto, a movimentação é vista como perigosa pela coalizão pró-Hadi, uma vez que, no passado, os iranianos ofereceram ajuda aos xiitas do Iêmen. Teerã e os rebeldes iemenitas negam qualquer assistência militar direta. Fonte: Associated Press.