Os presidentes dos EUA, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, reuniram-se neste sábado durante a Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá, no primeiro encontro entre chefes de governo dos dois países desde 1956. “Isso é, obviamente, uma reunião histórica”, disse Obama.
O presidente dos EUA acrescentou que a política norte-americana de isolar Cuba com um embargo econômico e diplomático, em vigor desde a revolução comunista cubana de 1959, “não funcionou, e já era tempo de tentarmos algo novo. Agora estamos em posição de avançar para o futuro”. Segundo Obama, a maioria dos norte-americanos e dos cubanos reagiu positivamente à mudança de política de Washington, que deverá culminar no restabelecimento de relações diplomáticas.
Obama também disse que continuarão a existir diferenças significativas entre os dois países e que os EUA “continuarão a falar pela democracia e pelos direitos humanos” e que Cuba, de seu lado, também continuará a criticar as políticas norte-americanas, mas que os dois países podem discordar dentro de um espírito de respeito. “Ao longo do tempo, é possível que viremos a página e desenvolvamos um novo relacionamento”, acrescentou.
Além de impor o embargo econômico e diplomático, os EUA promoveram uma tentativa de invadir Cuba com uma força paramilitar formada por exilados cubanos anticastristas apoiados pela CIA em abril de 1961; várias tentativas de assassinar o líder da revolução cubana, Fidel Castro, irmão do atual presidente, e terroristas que cometeram ataques contra alvos cubanos ainda têm abrigo nos EUA – caso de Luis Posada Carriles, responsável pela derrubada de um avião de passageiros cubano em 1976 e por vários ataques a bomba em 1997.
De seu lado, Cuba, que encontrou na União Soviética sua única fonte de apoio político e econômico, permitiu a instalação de mísseis soviéticos em seu território em 1962 como reação á instalação de mísseis norte-americanos de longo alcance voltados contra a URSS na Itália e na Turquia; o impasse, conhecido como Crise dos Mísseis, quase levou a uma guerra nuclear entre as duas superpotências. O governo comunista cubano também desafiou os interesses dos EUA ao apoiar militarmente as guerrilhas que lutavam pela independência em várias colônias africanas, como Angola e Moçambique, nos anos 70.
“Estamos dispostos a discutir tudo, mas precisamos ser pacientes, muito pacientes. Podemos discordar hoje sobre algo em que estaremos de acordo amanhã”, disse Raúl Castro depois de reunir-se com Obama.
Os dois presidentes haviam apertado as mãos durante um jantar de que participaram todos os chefes de governo dos países americanos, na sexta-feira, mas eles se reuniram em separado pela primeira vez hoje. Fonte: Dow Jones Newswires.