A Al-Qaeda tomou o controle de um importante aeroporto, de um porto e de um terminal de petróleo no sul do Iêmen nesta quinta-feira, consolidando seu controle na maior província do país, Hadramout. O avanço ocorre em meio ao caos gerado diante dos confrontos entre rebeldes xiitas e as forças leais ao presidente exilado e também de uma campanha de ataques aéreos liderada pela Arábia Saudita.
Militares e moradores disseram que os combatentes da Al-Qaeda tiveram um breve confronto com membros de uma das principais brigadas do Iêmen nas proximidades de Mukalla, uma cidade tomada pelos militantes no início do mês e onde eles mantêm presos. Os militantes então tomaram o controle do aeroporto Riyan e avançaram para assegurar o controle do principal porto do país, que também é um terminal petrolífero.
Membros das forças de segurança, falando de Sanaa e pedindo anonimato, disseram que os líderes da brigada encarregados de proteger toda a área fugiram.
O mais recente avanço marca um importante passo para a Al-Qaeda na Península Arábica, como é conhecido o braço do grupo terrorista no Iêmen. Essa organização está ligada a vários atentados fracassados nos EUA e é vista como o braço mais perigoso da rede global extremista. O grupo reivindicou a responsabilidade pelo ataque contra o semanário satírico Charlie Hebdo neste ano.
A Al-Qaeda na Península Arábica explora o caos no Iêmen, onde rebeldes xiitas, junto com unidades militares aliadas leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, capturaram a capital em setembro e têm avançado apesar da campanha aérea saudita. Os rebeldes se opõem à Al-Qaeda, mas atualmente estão envolvidos em conflitos com as forças leais ao governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, do presidente Abed Rabbo Mansour Hadi, que fugiu para a Arábia Saudita no mês passado.
A cidade de Mukalla é a capital de Hadramout, onde a Al-Qaeda mantém presença apesar dos ataques de aviões não tripulados (drones) dos EUA e de operações iemenitas. Um ativista na cidade, Nasser Baqazouz, disse que as tropas que guardavam o aeroporto resistiram pouco ao ataque. “Eles estão consolidando seu domínio da cidade e paralisarão toda a costa de Hadramout”, afirmou.
A coalizão liderada pelos sauditas tem feito ações aéreas contra os houthis e seus aliados desde 26 de março, mas não realizou nenhum ataque sobre Mukalla ou outras áreas controladas pela Al-Qaeda. O Irã apoia os houthis, mas nega que esteja armando esses rebeldes xiitas.
Grupos humanitários lutam para tentar atender às necessidades da população, que já luta com a dificuldade de se conseguir alimentos e água, além de combustível. A Organização das Nações Unidas afirmou que pelo menos 364 civis morreram desde o início dos ataques aéreos, em 26 de março, incluindo pelo menos 84 crianças e 25 mulheres. Além disso, centenas de combatentes também morreram. Fonte: Associated Press.