A eleição na Catalunha mostrou uma forte divisão interna nessa região da Espanha ante a possibilidade de uma secessão, com 47,8% dos eleitores favoráveis aos independentistas e 51,7% optando por siglas que defendem a permanência no país, com quase 100% dos votos apurados. Alguns líderes que defendem a separação pressionavam nesta segunda-feira pela renúncia do presidente regional, Artur Mas, após a votação deixar os separatistas com o controle do Parlamento regional, mas sem um mandato popular claro para avançar contra o governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy.
Na Bolsa de Madri, ações de empresas catalãs chegaram a subir mais cedo, após perdas recentes causadas pela ansiedade antes da votação. CaixaBank, Repsol e Banco Sabadell chegaram a avançar quase 3%, mas perderam fôlego, diante de um dia negativo nos mercados europeus em geral, com China em foco. O índice Ibex-35 da Bolsa de Madri recuava 1,11%, às 8h52 (de Brasília) a menor baixa entre as principais bolsas do continente. Na avaliação da gestora de fundos Renta 4, agora que a eleição regional acabou “a atenção dos investidores está mudando para a eleição geral da Espanha até o fim do ano”. A gestora previu uma recuperação na Bolsa de Madri, após um período de baixas consideradas “excessivas”.
O presidente regional da Catalunha parecia em uma posição mais fraca nesta segunda-feira, após romper uma coalizão conservadora para concorrer na disputa eleitoral junto com um partido de esquerda. Mas e outros líderes separatistas declararam vitória para a causa separatista no fim do domingo, mas não deram detalhes sobre seus próximos passos. O resultado pode aprofundar os anos de confrontação entre os separatistas e o governo central, pois Madri promete bloquear qualquer tentativa de secessão, qualificando esse passo como inconstitucional.
Antes de avançar em sua agenda separatistas, porém, Mas precisa garantir que ficará no posto de presidente regional. Sua nova coalizão, o Partido Convergência Democrática e a Esquerda Republicana da Catalunha, ficou com apenas 40% dos votos e 62 assentos no Parlamento regional. A União Democrática da Catalunha, partido que apoiava Mas porém agora se opõe às ações separatistas dele, acabou sem cadeiras. Agora, o líder regional precisará se envolver em complexas negociações com o CUP, um partido de extrema-esquerda que tem rejeitado as políticas fiscais e sociais conservadoras do líder catalão.
Analista da Teneo Intelligence, Antonio Barroso diz que a defesa do CUP de uma declaração imediata e unilateral de independência representa um problema para Mas, já que ele prefere um processo de 18 meses, que inclua a oferta de diálogo com o governo de Rajoy. Para Barroso, não está claro que Mas permita que outro nome lidere a região sem dissolver a coalizão favorável à independência.
A provável líder da oposição no novo Parlamento, Inés Arrimadas, pediu que Mas renuncie e convoque novas eleições, dizendo que os partidos políticos devem apresentar suas próprias plataformas em vez de ficar enfatizando a questão da eventual independência. “Para mim, a única conclusão clara desta eleição é que o sr. Mas não será o próximo presidente catalão”, disse ela nesta segunda-feira. Fonte: Dow Jones Newswires.