O Quarteto de Diálogo Nacional Tunisiano, um grupo da sociedade civil que reúne líderes sindicais e empresariais, ativistas pelos direitos humanos e advogados, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2015 nesta sexta-feira. A entidade ganhou a honraria por sua “decisiva contribuição para a construção de uma democracia pluralista na Tunísia, após a Revolução de Jasmim de 2011”, disse a presidente do comitê do Nobel, Kaci Kullmann Five.
A Tunísia, onde começou em 2010 a Primavera Árabe que se disseminou pelos países vizinhos, tem sido um raro exemplo de estabilidade e avanço democrático, em uma região transtornada por guerras, pelo caos e por uma das piores crises globais de refugiados em décadas. As manifestações ocorridas entre o fim de 2010 e o início de 2011 no país foram batizadas de Revolução de Jasmim.
Five disse que o comitê não tinha ilusões em relação aos muitos desafios que a Tunísia enfrenta, mas esperava que o país do norte africano pudesse servir como modelo. “Nenhuma nação é similar, não há estrutura similar”, reconheceu ela. “Mas nós esperamos que os valores e processos que funcionaram na Tunísia possam ser uma inspiração para outros.”
O quarteto é formado pelo Sindicato Geral dos Trabalhadores Tunisiano, conhecido pela sigla UGTT, o Sindicato Tunisiano da Indústria, do Comércio e do Artesanato (UTICA, na sigla original), a Liga de Direitos Humanos Tunisiana e a Ordem dos Advogados da Tunísia. “O quarteto exerceu um papel de mediação e como uma força propulsora para avançar no desenvolvimento do processo democrático na Tunísia, com uma grande autoridade moral”, afirmou Five.
O líder da UGTT, Houcine Abassi, disse à agência Associated Press que estava “muito emocionado” pela honraria. “É um prêmio que coroa mais de dois anos de esforços do quarteto, quando o país corria risco em todas as frentes”, comentou.
A Primavera Árabe começou no fim de 2010, quando protestos eclodiram na Tunísia. O estopim das manifestações foi o fato de um vendedor ambulante de 26 anos, Mohamed Bouazizi, atear fogo ao próprio corpo e se matar, como um desafio ao regime do presidente tunisiano, Zine al-Abidine Ben Ali. O presidente acabou forçado a deixar o poder em 14 de janeiro de 2011, quando fugiu para a Arábia Saudita com sua mulher.
O comitê fez sua escolha a partir de uma lista de 273 candidatos, entre pessoas e entidades, incluindo o ex-funcionário terceirizado da inteligência norte-americana Edward Snowden, o blogueiro saudita Raif Badawi, um ginecologista congolês, Denis Mukwege, o papa Francisco e o jornal independente russo Novaya Gazeta. Fonte: Dow Jones Newswires.