Dois partidos, que somados possuem 192 das 350 vagas do Parlamento da Espanha, confirmaram nesta quarta-feira que votarão contra uma proposta de governo liderado pelo Partido Socialista Obrero Español (PSOE), na prática anulando as possibilidades de sucesso da sigla, ao menos na primeira votação.
O primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), de centro-direita, afirmou ante o Parlamento que o plano de governo do líder do PSOE, Pedro Sánchez, não podia ser levado a sério e que os 123 deputados do PP votarão contra ele.
Já o líder do movimento de esquerda Podemos, Pablo Iglesias, que conta com 69 deputados em sua bancada, disse que seu grupo também votará contra Sánchez, por considerar que ele não está pronto para liderar um governo genuinamente de esquerda.
Para ser eleito primeiro-ministro nesta quarta-feira, Sánchez necessitaria dos votos da maioria absoluta do Congresso de 350 deputados, ou 176 votos. Mas o PSOE, que obteve 90 representantes nas eleições de 20 de dezembro, só garantiu o apoio do novo partido de centro Ciudadanos, que possui 40 nomes. O PP, com 123, e o Podemos, com 69, anunciaram que votarão contra.
Sánchez tenta atrair o apoio do Podemos, mas o grupo de esquerda exigiu como condição a ruptura com o Ciudadanos, considerado pelo Podemos muito à direita no espectro político.
O líder do PSOE tem ainda outra possibilidade de sair eleito, na sexta-feira, quando somente necessitará ter mais votos a favor que contrários a ele. Ainda assim, há poucos indícios de que conseguirá.
O Partido Popular, que governa o país desde 2011, ficou em primeiro nas eleições, mas perdeu a maioria que possuía no Parlamento, principalmente diante da desilusão dos eleitores pelas medidas econômicas de austeridade e pelos numerosos escândalos de corrupção.
Rajoy, que por enquanto comanda um governo interino, disse que não poderia formar governo após não conseguir o apoio necessário. Caso Sánchez não ganhe nenhuma das votações, o Parlamento terá dois meses para apontar um governo. Se isso não ocorrer, haverá outras eleições em 26 de junho.
Nunca na história da Espanha ocorreu uma aliança entre todos os partidos exceto o primeiro colocado nas urnas para formar um governo. Fonte: Associated Press.