Internacional

Cuba e UE fecham acordo de diálogo e cooperação, após dois anos de negociações

Cuba e a União Europeia firmaram nesta sexta-feira um acordo de diálogo político e cooperação, que encerrou dois anos de negociações e várias décadas de fortes tensões. O bloco europeu condicionou a aproximação a reformas políticas e econômicas na ilha.

“O acordo marcará uma nova fase das relações bilaterais”, afirmou a representante da União Europeia para as Relações Exteriores, Federica Mogherini, durante visita à ilha. “É uma demonstração histórica da confiança mútua e de entendimento.”

O convênio com a UE foi fechado uma semana e meia antes da viagem do presidente Barack Obama à ilha. Obama será o primeiro líder norte-americano em mais de 80 anos no país, após cinco décadas de disputa bilateral desde pouco depois do triunfo da Revolução Cubana de 1959.

“O término das negociações e a assinatura do acordo marcam o final da Posição Comum europeia de 1996 como instrumento que define as relações da União Europeia com Cuba”, disse Mogherini.

O documento chamado Posição Comum foi um elemento de forte divergência entre o bloco e a ilha, já que restringia a cooperação e qualquer diálogo a que antes Cuba realizasse mudanças em seu modelo de partido único, avançasse em matéria de liberdades civis e tivesse uma abertura de mercado ao estilo das potências ocidentais.

Cuba insistia que o texto era uma ingerência em assuntos internos e uma política de duas medidas, já que a UE faria vista grossa a países com flagrantes violações aos direitos humanos básicos, como a saúde e a alimentação, mas pressionavam a ilha. Também acusou a UE de seguir a política de Washington, que impôs pressões contra a ilha por mais de 50 anos.

O convênio firmado pelas partes estabelece a regularidade do diálogo e o desenvolvimento de projetos de cooperação em matérias tão diversas como meio ambiente, agricultura ou sistema tributário.

O paradoxo das relações é que a União Europeia como bloco tinha tensões com a ilha, mas Cuba mantinha fortes laços de cooperação com alguns países ou governos de comunidades autônomas que não respeitavam as diretrizes da Posição Comum.

“Foi um processo de negociação dinâmico, rigoroso, não isento de complexidades, um processo no qual persistem diferenças em alguns âmbitos que podemos manejar de comum acordo, de maneira adequada, em benefício dos nossos povos”, disse o ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez. “Prevaleceu a vontade de avançar para o lado positivo”, avaliou ele. Fonte: Associated Press.

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