O pré-candidato presidencial republicano Donald Trump disse nesta quarta-feira que as mulheres que abortam deveriam receber “algum tipo de castigo”, o que gerou indignação de ativistas de ambas as partes do controverso assunto.
Poucas horas depois, a campanha de Trump tentou se retratar de seus comentários em um comunicado, que disse que o que o bilionário quis dizer é que os “provedores de abortos” deveriam ser penalizados, e não os pacientes.
“Minha postura não mudou. Assim como Ronald Regan, estou a favor da vida, sem exceções”, diz o comunicado.
As declarações de Trump sobre o aborto foram feitas durante entrevista com Chris Matthews, da MSNBC, durante um evento nesta quarta-feira em Green Bay, no Wisconsin. O apresentador perguntou ao magnata se ele crê que deve se proibir o aborto.
Depois de uma longa troca de opiniões, Trump disse que “deve-se proibir” o aborto e que “deve haver algum tipo de castigo” para as mulheres que violem essas restrições.
Pressionado por Matthews para detalhar a proposta, o empresário disse que “não pensou em qual sanção deveria se aplicar”.
Trump também insinuou que, caso o aborto seja proibido, as mulheres poderiam seguir submetendo-se ao procedimento em “lugares clandestinos”. “Voltaríamos ao que era antes, quando as pessoas iam a lugares ilegais”, disse.
As declarações de Trump foram fortemente criticadas pelos defensores do aborto, ao mesmo tempo que também inquietaram os ativistas contrários à prática, que indicaram que os comentários vão contra os esforços de mostrar empatia com as mulheres que se submeteram ao procedimento.
“Em nenhum contextos temos defendido nunca que se castigue as mulheres que se submetem a um aborto”, disse Marjorie Dannenfelser, presidente do grupo nacional antiaborto Susan B. Anthony List.
“Como uma pessoa que diz ter passado pelo movimento pró-vida, Trump vê a verdade dos horrores do aborto, a destruição de uma vida humana inocente”, disse Dannenfelser. “Porém, sejamos claros. O castigo não pode ser unicamente para a pessoa que realizou o ato.”
A organização Marcha pela Vida, que organiza eventos antiaborto em Washington todo mês de janeiro, escreveu declarou no twitter que “nenhuma pessoa a favor da vida queria castigar jamais uma mulher que optou pelo aborto”.
Quando foi pedido que esclarecesse sua postura, a campanha de Trump emitiu um comunicado inicial onde se indica crer que o assunto deve ser tratado pelos governos dos Estados.
Porém, à medida que a polêmica aumentou, a campanha de Trump enviou um novo comunicado à imprensa, rechaçando a ideia de que uma mulher enfrente punições por submeter-se a um aborto.
“Se o Congresso chegar a aprovar uma legislação que proíba o aborto e as cortes federais respaldarem essa lei, ou até mesmo se um estado proibir um aborto sob leis locais, o médico ou qualquer outra pessoa que realizar este ato ilegal em uma mulher deve ser responsabilizado, não a mulher”, disse Trump. “A mulher e a vida que ela leva em seu ventre são as vítimas deste caso.” Fonte: Associated Press.