Compra de insumos é desafio em Heliópolis

Enquanto a cidade de São Paulo começa a colocar em prática o plano de reabertura econômica, o hospital de campanha de Heliópolis, na zona sul, vê crescer dia após dia o número de pacientes internados e enfrenta, assim como outras unidades de saúde pelo Brasil, dificuldades para comprar insumos. O cenário foi traçado pelo médico Paulo Quintaes, superintendente do Serviço Social da Construção Civil (Seconci-SP), a organização social que faz a gestão do Heliópolis.

"Nos próximos 30 dias, vamos chegar certamente a um índice de 90% de ocupação, se não a totalidade. Estamos no pico da doença e vivemos uma abertura. As pessoas não aguentam mais ficar em casa, mas não é porque o comércio está aberto que você vai sair para fazer compras", afirmou ele ao jornal O Estado de S. Paulo.

O hospital de Heliópolis – o primeiro de campanha montado dentro de uma unidade de saúde – começou a funcionar há três semanas. Para isso, o centro cirúrgico foi adaptado para a construção de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) completa, com 24 leitos – 22 deles ocupados atualmente.

Uma tenda de atendimento foi erguida no estacionamento. Dos 176 leitos de enfermaria, 130 estão ocupados. Mais de 270 pacientes já foram atendidos desde a abertura, de acordo com Quintaes. E a ocupação cresce diariamente. Segundo o médico, leitos de enfermaria poderão ser transformados em de UTI, se houve necessidade.
Ele chama a atenção para a dificuldade em relação ao abastecimento de insumos.

"Não é algo nosso, mas de todos os hospitais. No começo eram os EPIs (equipamentos de proteção individual), o que já se resolveu. Antes pagávamos R$ 0,10 por máscara, ela chegou a custar R$ 3,40 e agora o preço está baixando. Estamos no momento com problema para comprar medicamento para sedar o paciente (para o processo de entubação). E esses sedativos estão em falta no Brasil inteiro. Os fabricantes não conseguem suprir a necessidade", disse o superintendente.

Segundo o médico, foram investidos R$ 30 milhões para custear o hospital, valor que envolve manutenção do serviço, contratação dos profissionais, equipamentos, insumos. Outros R$ 927 mil foram investidos para aquisição de equipamentos de ventilação, biombo, separadores e mesas de alimentação.

<b>Distanciamento</b>

Quintaes conta que é difícil para os moradores de Heliópolis fazerem o distanciamento social, por causa da precária situação de habitação. "Infelizmente na comunidade o distanciamento social é muito difícil. O número de pessoas que coabitam o mesmo endereço é muito grande. As residências têm dois, três cômodos, e de 10 a 15 pessoas. Além disso, o comércio na comunidade está funcionando, assim como os bailes funks, e isso afeta a população."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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