Nova York, 07 (AE) – A demissão neste sábado do influente ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, deve repercutir nos preços do petróleo, que vêm operando mais firmes recentemente. Mas analistas divergem quanto ao modo como a notícia pode repercutir no mercado.
As cotações da commodity avançaram 70% nos Estados Unidos desde que atingiram em fevereiro o menor patamar em 13 anos e traders apostam que a sobreoferta mundial tende a diminuir. Ainda assim, os próximos passos da Arábia Saudita seguem uma incógnita.
Grandes produtores, incluindo os sauditas, não conseguiram no mês passado chegar a um acordo para congelar os níveis de produção. Especialistas do setor agora consideram a possibilidade de os países elevarem ainda mais os volumes de petróleo disponibilizados, enquanto disputam a participação no mercado.
Há, inclusive, quem também veja a reunião de Doha, no Qatar, como sinal da diminuição da influência do então ministro de Petróleo saudita, Ali al-Naimi. O país parecia disposto a congelar o volume produzido, mas depois mudou de postura. Se al-Naimi estava propenso a aceitar o acordo e outros acima dele não, é possível que sua demissão seja um sinal de que a produção deve subir.
Segundo homem na sucessão do reino, o príncipe Mohammed bin Salman já havia indicado anteriormente que o país aumentaria os volumes. “Mohammed bin Salman mudou tudo”, afirma Helima Croft, diretor de estratégia em commodities da RBC Capital Markets. “Ele não sente o fardo econômico para ter que cooperar com a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo”, comenta.
A possibilidade de a Arábia Saudita elevar sua produção de petróleo nos próximos meses é “definitivamente uma preocupação” para o mercado, diz Michael Cohen, diretor de pesquisa em mercados energéticos do Barclays PLC.
Mas outros profissionais do setor veem a saída do ministro al-Naimi como positiva. “Eu acho que isso será interpretado como sendo altista para os preços do petróleo”, avalia Dominick Chirichella, analista do Instituto de Gestão de Energia. A mudança na liderança “permite voltar atrás na estratégia sem grande prejuízo”.
Em novembro de 2014, a Opep optou por não reduzir a produção com a finalidade de elevar os preços. A decisão, liderada pela Arábia Saudita, representou um rompimento com as políticas anteriores, o que conduziu as cotações para as mínimas.
Analistas observam que os sauditas esperavam que os preços mais baixos do petróleo prejudicassem produtores que têm alto custo, incluindo os Estados Unidos. Desde então, petroleiras reduziram os desembolsos com perfurações e a expectativa agora é de que os estoques excedentes devam se dissipar até o fim deste ano ou começo do próximo.
Enquanto isso, relatos de que a Arábia Saudita teria vendido carregamento de petróleo para Ásia no mercado à vista assustou traders. Isso porque o país normalmente comercializa apenas através de contratos de longo prazo.
Se os sauditas estiverem dispostos a negociar no mercado spot, então seria mais fácil para eles ampliaram as exportações rapidamente, alertou o Citigroup em nota divulgada no mês passado. “Essa batalha para assegurar a fatia de mercado parece ser o principal ponto da política de petróleo da Arábia Saudita no momento”, informou o banco.
Acredita-se que a Opep tenha produzido mais no mês de abril. Dados oficiais devem ser divulgados na semana. A próxima reunião da Opep está prevista para junho. Fonte: Dow Jones Newswires.