O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan designou neste domingo o ministro de transportes e comunicação do país, Binali Yildirim, para assumir o cargo de primeiro-ministro da Turquia. Yildirim, um dos fundadores do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), foi apontado para substituir Ahmet Davutoglu, horás após ele ter pedido demissão do cargo devido a divergências com Erdogan. Yildirim manifestou sua lealdade a Erdogan e afirmou que trabalhará para legalizar de fato o sistema presidencial por meio de uma nova constituição.
Erdogan tem trabalhado para transferir poderes do parlamento turco para o executivo, o que causou divisão entre as lideranças do AKP no começo deste mês e aumentou o temor entre oposicionistas quanto a uma possível onda de autoritarismo. “Nosso caminho é o caminho da voz e da respiração do povo, do líder do nosso paritdo, Recep Tayyip Erdogan”, declarou Yildirim no discurso de agradecimento aos delegados que votaram nele neste domingo.
Yildirim recebeu 1.405 votos, de um total de 1.470, de delegados do AKP registrados para votar no congresso extraordinário do partido. Na abertura do congresso, Erdogan destacou que uma nova constituição ajudaria a corrigir o “enviesado” sistema de administração do país. Apoiadores de Yildirim creditam a ele o papel de desenvolver grandes projetos de infraestrutura que contribuíram para impulsionar a economia turca e a popularidade do partido. Oposicionistas, entretanto, o acusam de corrupção.
A mudança na liderança do partido ocorre em um momento em que a Turquia vem enfrentando uma série de ameaças de segurança, incluindo o conflito com rebeldes curdos no sul do país, uma onda de ataques suicidas associados a militantes cursos e do Estado Islâmico, e efeitos da guerra na vizinha Síria. A transição também coincide com as crescentes tensões com a União Europeia em torno do acordo para reduzir o fluxo de imigrantes da Turquia para a Grécia.
O ex-primeiro ministro Davutoglu, que anteriormente havia ocupado o cargo de ministro das relações exteriores, perdeu espaço ao divergir com o presidente Erdogan em questões como a possibilidade de negociações de paz com rebeldes curdos e em relação à prisão preventiva de jornalistas acusados de espionagem e de acadêmicos que supostamente estariam apoiando o terrorismo. Erdogan vem tentando aprovar uma definição mais ampla de terrorismo, o que tem alarmado grupos de direitos humanos que alegam que as leis existentes já são interpretadas de forma bastante ampla para combater a dissidência política turca.
Yildirim também declarou em seu discruso que a Turquia pressionaria os rebeldes curdos em novas ofensivas até que o grupo armado tenha um fim e conclamou a União Européia a colocar um fim à confusão em relação ao pedido de adesão do país ao bloco e ao acordo sobre migração. “Já é tempo de sabermos o que eles pensam sobre a Turquia”, afirmou Yildirim. “Tornando-se ou não um membro, a Turquia dará continuidade à expansão de sua democracia e desenvolvimento com determinação”, disse. Fonte: Associated Press.