O presidente argentino, Mauricio Macri, recebeu na tarde desta segunda-feira, 13, o líder opositor venezuelano Henrique Capriles. No encontro ocorrido na Casa Rosada, o governador do Estado de Miranda pediu apoio ao movimento que exige a aplicação ainda este ano de um referendo capaz de revogar o mandato do presidente Nicolás Maduro. Na saída da sede presidencial argentina, antes de partir para o Brasil, Capriles foi chamado de golpista por kirchneristas. Ele respondeu com ironia, convidando-os a visitar Caracas.
“Não há razão técnica ou legal para que não se faça (o referendo) este ano”, disse Capriles a jornalistas ao deixar a Casa Rosada. “Pedimos à Argentina e ao restante dos nossos irmãos latino-americanos que fiquem firmes nas instâncias internacionais para que se respeite a Constituição da República Bolivariana da Venezuela”, completou, ressaltando que a Carta e o instrumento que permite destituir Maduro foram instituídos pelo próprio chavismo.
A previsão inicial era de que Capriles se encontrasse apenas com o chefe de gabinete, Marcos Peña. A decisão de Macri de recebê-lo por meia hora tende a aliviar as críticas recentes de dirigentes antichavistas. A diplomacia argentina defendeu na Organização de Estados Americanos (OEA) na semana passada uma resolução de chamado ao diálogo, em vez da aplicação da Carta Democrática, sugerida pelo secretário-geral da instituição, Luis Almagro. O uso da cláusula levaria a uma punição a Caracas.
A moderação argentina decepcionou a oposição venezuelana. Macri pregou durante a campanha eleitoral do ano passado e o início de seu mandato uma sanção a Caracas por manter presos políticos como Leopoldo López, condenado a 13 anos e 9 meses de prisão por incitação à violência. O presidente do Congresso venezuelano, Henry Ramos Allup, tuitou que Macri era hipócrita. Capriles saiu do encontro dizendo que não houve uma reversão da posição posição argentina. O presidente argentino não comentou o conteúdo da reunião, mas sua assessoria divulgou várias fotos de ambos sorridentes.
A situação da Venezuela está sendo discutida na cúpula que começou nesta segunda-feira na República Dominicana, período que Capriles escolheu par fazer uma gira por países da região. Ele começou seu tour pelo Paraguai e ainda passará por Brasil e Uruguai. (Rodrigo Cavalheiro)