O Reino Unido tem nesta quarta-feira o último dia de campanha antes do plebiscito que definirá o futuro do país na União Europeia (UE), um dia importante e crucial para tentar ganhar os votos dos cerca de 11% cidadãos indecisos. As últimas pesquisas mostram que a disputa entre o “Permanecer” e o “Brexit” (favorável a saída da UE) segue acirrada.
O primeiro-ministro, David Cameron, esboçou ontem mais uma vez a sua opinião para que o Reino Unido continue no bloco dos 28 países europeus. “Nós não estamos presos a um cadáver. Você pode ver a recuperação da economia europeia. É a maior de mercado interno do mundo”, disse Cameron a BBC.
A figura mais notável na campanha pelo “Brexit”, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson fez um tour destacando a independência e a autoconfiança do país. “É hora de falar para a democracia e
milhões de pessoas em toda a Europa concordam conosco. É hora de quebrar as falhas e um sistema disfuncional da União Europeia”.
Ontem à noite, a emissora de televisão BBC realizou um grande debate eleitoral com lideranças dos dois movimentos e os grupos mantiveram os principais argumentos ouvidos nos últimos meses. O grupo contra o “Brexit” defende que a saída da UE pode criar problemas econômicos, com aumento do desemprego e queda da atividade. Já o grupo favorável à saída do bloco diz que o país terá mais soberania e poderá ter controle total em temas sensíveis como imigração.
O Reino Unido vai às urnas na quinta-feira após uma campanha que tem sido acirrada e complicada. Mesmo após o assassinato da deputada Jo Cox – que levou o “permanecer” à liderança -, as pesquisas eleitorais ainda mostram uma disputa apertada. Pesquisa feita pelo jornal The Telegraph – que é a favor do Brexit – mostra 51% para o “Permanecer” e 49% para o “Sair”. Já a mesma projeção feita pelo Financial Times – que é contra o Brexit – sinaliza vitória do Brexit com 45%, derrota do grupo europeu com 44% e 11% de indecisos.
Líderes de cerca de metade das maiores empresas do Reino Unido fizeram um apelo de última hora
aos seus funcionários para votarem pela permanência na União Europeia.
Em uma carta ao Times, na véspera da votação de quinta-feira, mais de 1.000 empresários – incluindo representantes de metade das empresas negociadas na Bolsa de Londres – argumentaram que um voto para deixar a UE irá prejudicar a economia britânica.
“O Reino Unido deixar a UE significaria incerteza para as nossas empresas, menos comércio com a
Europa e menos empregos”, segundo a carta. “Já a permanência na UE significaria o oposto: mais certeza, mais comércio e mais emprego. É por isso que, no dia 23 de junho, iremos votar pela permanência na UE”. As empresas representadas incluem o Barclays, Standard Life e Anglo American.