Pequim, 17 – O governo da China afirmou neste sábado que os militares do país estavam em contato com os dos Estados Unidos para lidar “apropriadamente” com o episódio da captura pela Marinha chinesa de um drone da Marinha norte-americana no Mar do Sul da China. O caso é um dos mais sérios incidentes entre os militares dos dois países em anos.
A declaração de apenas uma frase foi feita pelo Ministério das Relações Exteriores da China. O drone foi apreendido na quinta-feira. Segundo o Pentágono, ele era operado por funcionários terceirizados civis que realizam pesquisa oceânica. Os EUA emitiram uma reclamação formal contra a captura do drone e exigiram seu retorno.
“Segundo nosso entendimento, os lados dos EUA e chinês estão trabalhando de maneira apropriada para lidar com esse assunto por meio dos canais entre os militares dos dois países”, diz o comunicado da chancelaria chinesa. O governo chinês não respondeu a perguntas sobre o assunto.
A China afirma ter o direito de posse sobre praticamente todo o Mar do Sul da China. Porta-voz do Pentágono, Jeff Davis disse que o drone custa US$ 150 mil e deve ser devolvido.
Seja qual for o resultado, o incidente é mais um episódio ruim na relação já tensa entre os países. Pequim tem se mostrado descontente com declarações do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e com o fato de ele ter falado por telefone com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, em 2 de dezembro. Trump ainda questionou a política da “China única”, segundo a qual os EUA só reconhecem a China continental, não o governo de Taiwan. O governo de Pequim considera Taiwan parte de seu território e diz não estar disposta a negociar essa política.
Há divergências também por causa da presença militar chinesa no Mar do Sul da China, por onde passam anualmente cerca de US$ 5 trilhões em comércio global. Outros países da região reivindicam partes dessa área marítima.
Um jornal do Partido Comunista citou uma autoridade militar não nomeada, segundo a qual deve haver uma “resolução suave” do episódio do drone. A imprensa estatal ainda citou um almirante da reserva, Yang Yi, segundo o qual a China está no direito de apreender o drone. Para Yang, não se trata de um “conflito militar”. Por outro lado, o militar reformado disse que as chances de confrontação aumentaram após as recentes declarações de Trump. Fonte: Associated Press.