A Câmara aprovou nesta quarta-feira, 22, texto-base do projeto de lei para criar linha de crédito a micro e pequenas empresas durante a crise da covid-19. A aprovação foi simbólica, sem a contagem de votos. Deputados devem votar agora os destaques, pedidos de alteração, ao texto. Depois desta fase, como houve alterações feitas pela relatora Joice Hasselmann (PSL-SP), a proposta voltará ao Senado, Casa de origem, antes de ir à sanção.
O projeto garante crédito para microempresas e uso de recursos para ações que vão além dos salários, como capital de giro, bem como para beneficiar também cooperativas de crédito, que não foram atendidas por medida provisória publicada pelo governo no começo de abril.
No relatório, Joice determinou que, em vez de a União alocar dinheiro diretamente à operação de empréstimo, como proposto pelo Senado, os bancos participantes emprestarão com recursos próprios e contarão com garantia do governo em valor global de até R$ 15,9 bilhões. Entretanto, a garantia será para somente 85% do valor emprestado. Os outros 15% serão sem essa garantia.
"É um projeto extremamente importante para que nós possamos proteger as nossas pequenas e microempresas. Nós sabemos que o microempreendedor e o pequeno empreendedor formam os grandes geradores de empregos deste País", disse Joice.
As micro e pequenas empresas poderão obter empréstimos em valores de até 30% de sua receita bruta em 2019. Se forem empresas com menos de um ano de funcionamento, o limite do empréstimo será de até 50% do seu capital social ou até 30% da média de seu faturamento mensal apurado desde o início de suas atividades, o que for mais vantajoso.
A taxa máxima de juros será a taxa Selic (atualmente em 3,75%) mais 1,25% a título de spread bancário. "Eu achava que os juros, mesmo menores do que os praticados no mercado, ainda eram altos, e a deputada Joice os diminuiu. É de bom tamanho", afirmou o deputado Hildo Rocha (MDB-MA).
O relatório final proíbe a diminuição do número de empregados a partir de quando o texto for sancionado. A oposição queria vedar qualquer tipo de demissão durante a pandemia. "Manter a mesma quantidade de funcionário pode ser um bom critério, mas, na nossa opinião, seria muito melhor que só houvesse algum tipo de demissão nesse período se fosse por justa causa, até porque não queremos que alguma empresa eventualmente venha se aproveitar de uma situação de fragilidade do conjunto dos trabalhadores para que algum ou alguns venham a ser penalizados.", afirmou Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Inicialmente, o projeto protocolado pelo senador Jorginho Mello (PL-SC) beneficiava o microempreendedor individual. A pedido do governo, a relatora do texto no Senado, Kátia Abreu (PP-TO), retirou essa categoria, já beneficiada pelo auxílio emergencial de R$ 600.
A proposta cria ainda o Fórum Nacional de Microcrédito.