Os contratos futuros do petróleo fecharam o pregão desta quinta-feira, 30, em queda, em meio a uma piora no sentimento global, com investidores reagindo a balanços e indicadores econômicos que mostram o impacto da pandemia de covid-19 e também ao avanço da doença em diversos países.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para setembro recuou 3,27%, a US$ 39,92 o barril, abaixo de US$ 40 o barril pela primeira vez em três semanas. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para outubro caiu 1,90%, a US$ 43,25 o barril.
Com a aceleração de novos casos de coronavírus pelo mundo, a continuidade da recuperação da demanda do petróleo fica mais incerta. Indicadores macroeconômicos e balanços corporativos divulgados nesta quinta mostram o impacto que a covid-19 já teve na atividade econômica.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos registrou uma retração anualizada de 32,9% no segundo trimestre, a mais acentuada para o período desde 1947, início da série histórica.
Embora o resultado já fosse esperado, outros fatores como o aumento dos pedidos semanais de auxílio-desemprego indicam que a retomada pode estar desacelerando. "Uma recuperação contínua em forma de V é improvável", avalia a consultoria britânica Capital Economics.
Em relatório, a S&P Global afirma que as refinarias de petróleo nos EUA podem registrar um recuo de 44% em suas receitas no período de abril a junho.
Na Europa, o PIB da Alemanha contraiu 10,1% no segundo trimestre e a maioria dos balanços de empresas divulgados hoje decepcionou.
"Atualmente, vemos maiores chances de queda nos preços do petróleo do que chances de alta", afirma o analista Eugen Weinberg, do Commerzbank. O profissional ressalta que há um certo equilíbrio entre preocupações com a demanda e apoio de cortes voluntários da produção de países que compõem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), mas que essa disciplina de produção corre riscos.
O mercado também monitorou as tensões entre Washington e Pequim. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que a China é "a ameaça central de nossos tempos". Além disso, um comitê do Senado americano aprovou um projeto de lei que permite a cidadãos dos EUA processar o país asiático por danos provocados pela pandemia.