Internacional

BoE avalia que Brexit será “teste decisivo” para setor financeiro

A saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, será um “teste decisivo” para a globalização financeira responsável, segundo o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Mark Carney. Durante evento na capital britânica, ele informou que as instituições estrangeiras que atuam na City londrina terão de apresentar o detalhamento de seus planos em relação ao Brexit para a autoridade monetária até o dia 14 de julho.

Para o presidente do BoE, o sistema financeiro mundial está em “uma bifurcação na estrada”. De um lado, segundo ele, o caminho leva à cooperação contínua entre os reguladores além das fronteiras e o livre fluxo de capital em todo o mundo. Nesta semana, o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), divulgou princípios de atuação para essas instituições justamente nessa área.

De outro lado, continuou Carney, há a possibilidade de um crescimento do protecionismo. Para ele, uma fragmentação do sistema financeiro pode levar a maiores custos às instituições, às famílias e às empresas. O discurso do presidente do BoE está, assim, alinhado às pretensões do governo britânico de perder o mínimo possível de acesso ao mercado europeu, o que incluiria o direito ao “passaporte”, que é a possibilidade de negociação de bancos e corretoras, entre outros, no mercado denominado em libras e em euros. A UE, no entanto, sinaliza que quer aproveitar a oportunidade para diminuir sua dependência do mercado de capitais da City.

Há muitas ameaças e rumores de instituições financeiras sobre deixar a capital da Inglaterra por causa do Brexit, com capitais como Frankfurt e Paris cortejando os principais executivos de bancos para transferirem suas operações para essas cidades. Nenhuma mudança de grande porte, no entanto, foi desencadeada até o momento. A formalização do processo de retirada foi feita no fim do mês passado pela primeira-ministra, Theresa May.

“Em um caminho, podemos construir um sistema mais eficiente e resiliente sobre os novos pilares da globalização financeira responsável, por outro lado, os países poderiam se voltar para dentro e reduzir a dependência dos sistemas financeiros uns dos outros”, disse Carney, acrescentando que, no segundo caso, tenderia a haver um maior risco para todas as economias e a possibilidade de um crescimento menos robusto.

Lembrando que Londres é a capital financeira da Europa atualmente, o presidente do BoE salientou que as próximas negociações sobre o Brexit entre a UE e o Reino Unido vão ser um teste para os líderes manterem um sistema financeiro “aberto e global”. Para ele, os dois lados tentarão um acordo que mantenha o fluxo de capital por todo o continente, já que hoje já há um alinhamento de atuação e os reguladores trabalham em estreita colaboração.

Carney enfatizou que um acordo positivo entre as partes nessa área poderia servir de modelo para a realização de acordos bilaterais em outras regiões do planeta, o que também seria um benefício para a economia global. Pelo cronograma atual, o Brexit deverá ser consolidado daqui a dois anos.

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