A uma semana da eleição, a primeira-ministra britânica, Theresa May, foi acusada pelos seus adversários de falta de liderança e comprometimento com o eleitor pela decisão de não comparecer a um debate televisionado na noite de ontem pela rede estatal BBC. A votação está marcada para o próximo dia 8, quinta-feira da semana que vem, e, segundo seus rivais, sua ausência nas discussões revela o medo que a candidata à reeleição está da decisão popular.
O não-comparecimento da premiê ao debate fez com que o principal foco das discussões se voltasse para esse ponto, com os demais sete candidatos que foram ao programa televisionado atacando May. A maior parte das pesquisas recentes revela que o Partido Conservador, da premiê, segue na liderança das intenções de voto, ainda que haja diferenças sobre o aumento ou diminuição dessa posição em relação ao segundo colocado: Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista.
Os Tories alegaram que May estava muito ocupada preparando as negociações da saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, para passar quase duas horas em discussão com outros líderes políticos. Ontem à tarde, durante alguns questionamentos sobre o fato de não planejar participar do debate, ela argumentou a jornalistas que estava mais focada em percorrer o país e conhecer os questionamentos da população durante a campanha do que ficar discutindo com outros candidatos.
Também acrescentou que todas as quartas-feiras, durante sessão na Câmara dos Comuns (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira), ela debatia diretamente com Corbyn, apontado nas pesquisas como o segundo candidato mais forte.
A premiê foi representada pela secretária de Estado para Assuntos Internos, Amber Rudd, no debate realizado em Cambridge, que fica a cerca de 80 quilômetros de Londres. A postura de Amber durante as discussões foi a de tratar os demais candidatos como sinônimo de “caos”. Ela também disse que Corbyn contava com uma “árvore mágica de dinheiro” e que sua relação com a economia era fantasiosa. A imprensa local destacou a disposição da secretária de ir ao debate mesmo após a morte de seu pai há apenas dois dias. Os temas giraram em torno de imigração, liderança, terrorismo e economia.
A eleição estava prevista apenas para 2020, mas May decidiu antecipar o pleito para que tivesse mais força para negociar o Brexit e, desta forma, também evitar que as tratativas com o bloco único fossem interrompidas por causa da política doméstica. A previsão é que as conversas com a União Europeia durem pelo menos dois anos a contar a partir do final de março passado, quando o pedido de divórcio foi formalizado pela primeira-ministra.