Teste de remédio para covid-19, petróleo e NY impulsionam Bolsa

A lista de fatores que impulsiona a Bolsa brasileira hoje é vasta. Inclui desde a disparada nas cotações do petróleo no mercado internacional, passando por alguns resultados corporativos considerados favoráveis, a renovação do otimismo em relação à reabertura de alguns países após o isolamento social por conta do coronavírus, além de notícias de um remédio contra a pandemia.

A Gilead Sciences anunciou hoje avanços no estudo para verificar a eficácia do antiviral Remdesivir no tratamento do coronavírus. A farmacêutica, informou que a fase 3 do estudo aberto mostrou que o medicamento teve resultados semelhantes em pacientes com casos severos da doença que tomaram doses por 5 ou 10 dias. As bolsas em Nova York avançam na faixa de 2,00%.

Já no Brasil, às 11h11, o Ibovespa subia 1,49% aos 82.523,72 pontos. Se o movimento continuar, será o terceiro dia seguido de ganhos. Ontem, subiu 3,93%, e 3,86% no anterior. As ações da Petrobrás sobem na faixa de 3%, enquanto o petróleo em Nova York avança quase 26%. Já os papéis da Vale têm elevação de cerca de 1,00%.

A empresa reverteu prejuízo, ao apresentar lucro de R$ 984 milhões e terminar o trimestre com forte caixa e colchão de liquidez para enfrentar a crise global pela pandemia de covid-19.

O resultado, diz a analista Sandra Peres, da Terra Investimentos, pode ter uma leitura com algum viés, já que as perdas do ano passado tiveram impacto da tragédia na usina da companhia em Brumadinho (MG). No entanto, pondera que o que interessa é daqui para frente. "O dado já teve influência da pandemia, mas pode ter ainda mais nos números do segundo trimestre. Mas o importante é ver como a empresa vai reagir daqui para frente, como está o seu caixa para enfrentar esse momento. Além disso, o dólar alto ajuda no preço do minério de ferro e a retomada da China, principal parceiro do Brasil, também é um fator positivo", descreve.

Para completar, a análise feita esta manhã pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a situação do País neste momento de pandemia, também agradou ao investidor. Conforme ele, classificado pelo presidente Jair Bolsonaro como o "único a decidir a economia", o Brasil está conseguindo a amenizar os impactos da atual crise e que injetará entre R$ 120 bilhões e R$ 130 bilhões em Estados e municípios. "Fala o que o mercado quer ouvir. Se vai ser concretizado, não sei, mas deve ajudar a Bolsa hoje", diz um operador, citando ainda a defesa de Guedes de um cenário de juro baixo.

Porém, o quadro político fica no radar, o que contribui para limitar a valorização. "Politicamente é ruim para o Bolsonaro. Há, de fato, aumento no número de mortes pela pandemia", diz a fonte, ao referir-se à fala do presidente brasileiro e dos EUA, Donald Trump, sobre a situação no Brasil envolvendo a doença.

Ao ser questionado sobre a elevação dos óbitos no País – ontem atingiu a marca dos 5 mil -, Bolsonaro respondeu: "E daí? Lamento, quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre". Em outro momento, Trump fez um alerta de que vê o Brasil pior do que os países vizinhos no controle do vírus e sugeriu a suspensão dos voos do País para o território americano.

"Esse quadro de preocupação com a governabilidade acaba gerando desconfiança, volatilidade. Além do aumento no número de casos por coronavírus, percebemos a abertura gradual de algumas atividades no Brasil no momento em que a curva continua subindo, ao contrário de outros países onde está reduzindo e ocorrendo a retomada parcial das economias", avalia Sandra, da Terra.

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