Guedes elogia Tarcísio: ele tem um pedido muito legítimo

Após entrar em rota de colisão com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, por divergências no plano de retomada da atividade após a pandemia de covid-19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez elogios públicos ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que também estava envolvido na elaboração da estratégia de recuperação, mas sinalizou apoio à política de responsabilidade fiscal da equipe econômica.

"Temos também a Infraestrutura, ministro Tarcísio. Ele sabe, (por) que ele investe R$ 8 bilhões, R$ 9 bilhões, e tem um pedido muito legítimo, que é um homem muito experiente, faz isso há mais de 15 anos, já foi diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), já fez o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), ele conhece os números. Se você conversar com ele, ele diz se me der mais de R$ 4 bilhões, eu não consigo executar, eu não consigo", disse Guedes em entrevista coletiva nesta quarta, 29, no Palácio do Planalto.

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mais cedo, Tarcísio passou a negociar o plano de retomada diretamente com Guedes após a polêmica do aumento de gastos. No fim de semana, os dois conversaram sobre o assunto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Na coletiva de hoje, Guedes defendeu ainda que é preciso "bater" em quem defende "gastança e farra eleitoral". Ele não fez menções diretas a nenhum ministro, embora sua desavença com Marinho tenha ficado pública ao longo dos últimos dias.

"Gastar com responsabilidade e seriedade não é fácil. Agora, apertar o botão da gastança e sair procurando farra eleitoral é simples. Volta e meia tem um que pensa isso, e o que nós temos que fazer? Bater em quem faz isso. Bater no bom sentido, bater internamente. Brigas internas, nós conosco", afirmou Guedes.

Antes, o ministro comparou o desejo de colegas da Esplanada dos Ministérios de ampliar investimentos públicos para ajudar na retomada econômica a uma tentativa de "bater a carteira" do governo em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Nessa hora, também não houve qualquer citação nominal.

O embate entre Guedes e Marinho se deu porque o ministro do Desenvolvimento Regional queria aliviar regras fiscais para turbinar investimentos com dinheiro público por meio do Plano Pró-Brasil.

"A crise é da saúde. Não pode alguém achar, no momento em que fomos baleados, caímos no chão, tá uma confusão danada e temos que ajudar a saúde, alguém vem correndo, bate a nossa carteira e sai correndo. Isso não vai acontecer", avisou Guedes na coletiva no Palácio do Planalto.

O ministro disse ainda que o Brasil "vai surpreender o mundo" na retomada e exaltou medidas adotadas pelo governo, como a criação do auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais, um amplo programa de transferência de renda colocado de pé "em tão pouco tempo".

O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, disse ainda que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), clube de países do qual o Brasil almeja fazer parte, tem usado o Brasil como exemplo em ações de recuperação e de combate ao novo coronavírus.

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