A Promotoria Geral da Venezuela citou nesta quinta-feira na qualidade de imputado o major-general Antonio Benavides Torres por sua suposta responsabilidade na realização de delitos de violações aos direitos humanos cometidos durante os protestos que ocorrem quase diariamente desde março no país. Benavides Torres, que até a semana passada era comandante-geral da Guarda Nacional, deverá comparecer ante a promotoria em 5 de julho, disse em comunicado o Ministério Público.
A Guarda Nacional tem sido alvo de duras críticas de entidades defensoras dos direitos humanos e da promotoria por seu desempenho para reprimir protestos contra o governo, que deixaram ao menos 75 mortos, 1.400 feridos e mais de 500 presos.
A promotoria indicou que até agora realiza 450 investigações por supostas violações de direitos fundamentais. Nesses casos foram registradas 23 mortes e 853 lesões atribuídas a funcionários policiais ou militares.
Na maioria dos casos, houve evidência de “uso excessivo da força na repressão das manifestações, emprego de armas de fogo não autorizadas, a indevida aplicação do equipamento fornecido, tratamentos cruéis e torturas em pessoas apreendidas, bem como buscas sem ordem judicial e danos à propriedade, entre outras situações”, disse a promotoria.
A citação judicial de Benavides Torres ocorre em momentos em que a procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz, que durante anos foi próxima do ex-presidente Hugo Chávez, se converteu recentemente em uma dura crítica de seu herdeiro político, o presidente Nicolás Maduro.
O major-general é uma das sete autoridades venezuelanas que sofreram sanções em 2015 pelo governo do então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusadas de violar os direitos humanos durante os protestos que causaram 43 mortes no início de 2014. Fonte: Associated Press.