Jared Kushner, genro do presidente Donald Trump e assessor sênior da Casa Branca, revelou hoje detalhes de contatos que teve com autoridades e empresários russos no período de dois anos desde que Trump lançou sua campanha à presidência dos EUA, em meados de 2015, incluindo um encontro nunca antes revelado com o embaixador russo, em abril de 2016.
Kushner conheceu o embaixador Sergei Kislyak durante evento no Mayflower Hotel em Washington, pouco tempo antes de Trump se tornar o candidato efetivo do Partido Republicano. Na ocasião, Kushner disse ter sido apresentado a Kislyak e a três outros embaixadores por Dimitri Simes, editor de uma revista sobre política externa que patrocinou o evento.
Anteriormente, uma porta-voz de Kushner havia negado que ele e Kislyak tivessem se encontrado no evento.
“Os embaixadores…demonstraram interesse em criar um relacionamento positivo no caso de ganharmos a eleição”, disse Kushner em comunicado divulgado nesta segunda-feira. “Cada conversa durou menos de um minuto; alguns deles me passaram cartões pessoais e me convidaram para almoçar em suas embaixadas. Eu nunca aceitei nenhum desses convites e as interações se limitaram a isso.”
Trump, que discursou sobre política externa durante o evento, também cumprimentou Kislyak e três outros embaixadores estrangeiros que participaram de uma recepção VIP ocorrida antes do evento, segundo matéria publicada pelo The Wall Street Journal em maio de 2016.
O relato de Kushner não faz menção da presença de Trump na recepção. O procurador-geral Jeff Sessions também participou do evento e afirmou, durante testemunho a uma comissão do Senado no mês passado, que não recordava se havia se encontrado com Kislyak na ocasião.
O encontro com Kislyak foi revelado por Kushner em um comunicado de 11 páginas preparado para comitês do Congresso que investigam denúncias de interferência da Rússia durante a campanha presidencial do ano passado. Ainda hoje, Kusher deverá depor no Comitê de Inteligência do Senado, em sessão privada.
No documento, Kushner alega não ter tido quaisquer “contatos inapropriados”. “Não conspirei e não sei de ninguém da campanha que tenha conspirado com qualquer governo estrangeiro”.
Nos últimos meses, o governo Trump tem sistematicamente negado acusações de que a Rússia teria interferido na eleição presidencial de 2016 para garantir a vitória do republicano contra sua adversária democrata, a ex-Secretária de Estado Hillary Clinton. Fonte: Dow Jones Newswires.