A entrada de refugiados venezuelanos no Brasil pela fronteira em Roraima e a precária situação profissional encontrada por eles na capital do Estado, Boa Vista, levou a prefeitura da cidade a criar um programa público de educação que pode auxiliar na crise social e migratória, e, também, beneficiar as crianças da rede escolar municipal. Na próxima semana, a prefeita Teresa Surita (PMDB) deve apresentar à Câmara de Vereadores um projeto para adoção da língua espanhola nos currículos, atendendo aos alunos do ensino fundamental da 1.ª à 5.ª séries.
“Esse projeto permitirá a contratação de professores de espanhol para as crianças em todas as escolas municipais”, disse, na sexta-feira, a procuradora-geral de Boa Vista, Marcela Medeiros. Pela proposta, devem ser contratados professores, brasileiros e estrangeiros, que apresentem formação e fluência em espanhol.
A medida foi antecipada pela prefeita em sua conta do Twitter durante a semana. “Vou inserir no curriculum de nossas escolas o espanhol e contratar professores venezuelanos que estão em Boa Vista e não conseguem emprego”, escreveu a prefeita. “Inclua os professores formados em espanhol aqui no Estado. Há muitos esperando uma oportunidade. Inclusive eu”, reivindicou Rute Rodrigues, respondendo à mensagem da prefeita na rede social.
Segundo a procuradora-geral do Município, a equipe trabalha para finalizar os detalhes do projeto com a expectativa de que a autorização legal, em regime de urgência, esteja pronta em setembro.
“Queremos que as contratações comecem o quanto antes”, disse a procuradora. A proposta prevê também a contratação de professores-assistentes. Com isso, segundo a procuradora, a prefeitura espera ampliar a oferta de trabalho para os refugiados e facilitar, igualmente, a integração dos filhos dessa comunidade de imigrantes que está fugindo da crise na Venezuela. “Temos hoje 460 crianças venezuelanas da rede”, justifica.
De acordo com Marcela Medeiros, a prefeitura tem cerca de 39 mil alunos matriculados. Ela ainda não calcula o total de crianças beneficiadas com o ensino da nova língua nas escolas. “Ainda não sabemos exatamente. Estamos trabalhando nisso”, argumenta. “Mas acredito que temos uma oportunidade não só para trabalhar a integração dos venezuelanos, mas também de oferecer alternativa educacional para nossas crianças”, disse a procuradora.
A Justiça de Roraima determinou recentemente que seja suspensa a cobrança da taxa antes exigida para que os venezuelanos registrassem pedidos de refúgio no Brasil. O valor, de cerca de R$ 300, era proibitivo para a maioria dos que chegam.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.