O Congresso do Peru, dominado pela oposição, obrigou nesta sexta-feira à renúncia de todos os ministros após não renovar o voto de confiança, o que gerou uma crise política que forçou o presidente Pedro Kuczynski a suspender sua viagem para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. É a primeira vez que, no âmbito da Constituição aprovada em 1993, o Parlamento toma essa decisão no país.
Kuczynski disse em sua conta oficial no Twitter que agradecia seu primeiro-ministro e aos membros do gabinete, que “trabalharam para proteger as políticas de Estado em benefício do país”. Agora, o presidente tem três dias para formar uma nova equipe.
A Constituição estabelece que, quando um presidente forma sua equipe ministerial, seus integrantes devem obter o “voto de confiança” do Parlamento. A crise começou na quarta-feira, quando ao fim de uma greve de professores o partido liderado pela filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), Keiko Fujimori, pretendeu forçar a renúncia da ministra de Educação, a segunda no posto em menos de um ano, após o antecessor dela também ter sido forçado a pedir demissão por causa do Parlamento.
Os docentes, que fizeram mais de 60 dias de paralisação, pediam um aumento salarial. O premiê Fernando Zavala afirmou que a decisão parlamentar afetava a “governabilidade do país”, por isso solicitou o voto de confiança.
Após um acalorado debate no qual a oposição inclusive insultou o primeiro-ministro, na madrugada desta sexta-feira o Parlamento rechaçou o pedido de confiança por 77 votos a favor e 22 contra e forçou a renúncia de Zavala e dos 18 ministros do governo.
Kuczynski agora terá de formar uma nova equipe, que necessariamente precisará garantir o aval do Parlamento. Caso o Legislativo rechace os novos ministros, o presidente tem a opção de dissolver o Congresso e convocar eleições parlamentares.
Segundo a lei, Kuczynski tem que mudar necessariamente o primeiro-ministro, mas pode manter o restante do gabinete.
A crise política obrigou Kuczynski a suspender uma viagem aos EUA para a Assembleia Geral da ONU. Depois disso, a agenda dele prevê uma viagem ao Vaticano para convidar oficialmente o papa Francisco a visitar o país, no início de 2018. “Não cederemos…pelas crianças, pelo Peru, pela governabilidade”, afirmou Kuczynski, de 78 anos, no Twitter. Fonte: Associated Press.