O rei Abdullah, da Jordânia, apelou neste domingo ao vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, para “reconstruir a confiança” na possibilidade de uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos, na sequência da decisão do governo Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel.
Pence tentou tranquilizar o monarca que os EUA estão empenhados em reiniciar os esforços de paz e em uma solução de dois Estados, se ambas as partes concordarem. Tal ressalva se desvia do apoio norte-americano de longa data para essa abordagem como o único resultado possível de qualquer acordo de paz.
O anúncio de Trump sobre Jerusalém no mês passado enfureceu os palestinos, que buscam o setor oriental da cidade anexado por Israel como uma futura capital. Eles acusaram os EUA de se aliar a Israel e disseram que Washington não pode mais servir como mediador.
Jerusalém é a peça central do longo conflito, e a mudança de política de Trump desencadeou protestos e condenações em países árabes e muçulmanos. Também representou um dilema para o rei Abdullah, um firme aliado dos EUA que deriva sua legitimidade política em grande parte do papel da dinastia hachemita como guardiã de um importante sítio muçulmano em Jerusalém. Qualquer ameaça percebida às reivindicações muçulmanas na cidade é vista como um desafio para a Jordânia, onde um grande segmento da população é de origem palestina.
Pence disse ao rei que os EUA se comprometeram a “continuar respeitando o papel da Jordânia como guardiã de sítios sagrados e que não tomamos assumimos nenhuma posição sobre fronteiras e status final”. Foi a mesma mensagem que Pence transmitiu no sábado durante as conversações com o presidente do Egito.
O vice-presidente dos EUA disse mais tarde a repórteres depois de encontrar tropas norte-americanas perto da fronteira da Síria que ele e Abdullah tiveram “uma discussão muito franca”. “Olhe, os amigos ocasionalmente têm desentendimentos e concordamos em discordar sobre a decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel. Mas o que concordamos foi na necessidade de todas as partes voltarem à mesa”, afirmou. “A Autoridade Palestina esteve ausente das negociações diretas desde 2014. E espero que tenha passado ao rei Abdullah o nosso sincero desejo de reiniciar o processo de paz.”
Abdullah expressou preocupações com as consequências regionais da decisão de Jerusalém. “Hoje, temos um grande desafio a superar, especialmente com algumas das frustrações crescentes”, disse. Ele descreveu a visita de Pence como uma missão para “reconstruir confiança” na solução de dois Estados, na qual um Estado da Palestina seria estabelecido na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e no leste de Jerusalém, territórios obtidos por Israel em 1967.
Outra causa de preocupação para a Jordânia é a decisão da administração Trump de mover a embaixada dos EUA em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. A Jordânia se opõe veementemente a tal movimento se for tomado antes de um acordo de partição israelense-palestino.
Pence deve se reunir na segunda-feira com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fazer um discurso ao Knesset e visitar o memorial do Holocausto Yad Vashem. Fonte: Associated Press.