Legisladores norte-americanos trabalhavam neste domingo para romper o impasse que paralisou o governo federal. Um grupo de senadores centristas de ambos os partidos se reuniu na tentativa de traçar uma solução. À medida que as horas passavam, as pressões aumentavam em ambos os lados.
Sem um acordo na noite de domingo, o jogo de culpa que os democratas e os republicanos realizaram todo o fim de semana provavelmente se intensificaria, disseram os legisladores. “Estou realmente preocupada sobre a direção disso, porque ficará mais perverso em termos de retórica”, disse a senadora Lindsey Graham (Republicanos, Carolina do Sul), prevendo que os efeitos da paralisação atingiriam ambos os partidos.
Os Democratas, que controlam votos suficientes no Senado para bloquear a legislação que financia o governo, tentaram usar seu poder para forçar um acordo que regularize a situação dos 690 mil jovens beneficiados pelo DACA, o programa do ex-presidente Barack Obama que suspendeu a deportação de imigrantes ilegais levados aos EUA quando eram criança. Os republicanos dizem que os democratas fizeram com que as operações básicas do governo dependam da ajuda a uma pequena fatia de residentes dos EUA.
O grupo bipartidário de senadores disse que espera chegar a um acordo sobre um quadro que exigiria do Senado a votação de uma lei de imigração no início de fevereiro, como parte de uma proposta para reabrir o governo. “Então, temos que ter em mente uma maneira de assegurar que a Câmara sinta a necessidade de abordar o problema também”, disse o senador Dick Durbin (Democratas, Illinois).
Mas os líderes do Partido Republicano pareciam relutantes em se comprometer com quaisquer medidas que amarrassem o líder da maioria do Senado Mitch McConnell (Republicanos, Kentucky). “Passar a agenda aos democratas que acabaram de paralisar o governo não faz sentido para mim. Parece que incentiva o mau comportamento”, disse John Cornyn (Republicanos, Texas) a repórteres. “Eu acho que o líder precisa da flexibilidade para descobrir o tempo e o veículo” de qualquer votação sobre uma lei de imigração, afirmou.
McConnell falou com o líder da Minoria do Senado, Chuck Schumer (Democratas, Nova York), no fim do domingo, e os assessores esperavam que as discussões continuassem.
O Partido Republicano tem pressionado para reabrir o governo com um projeto de gastos de três semanas, mas os Democratas não concordaram com isso sem um caminho para os jovens do Daca. Schumer disse que fez concessões significativas a Trump, incluindo oferecer financiamento para construir um muro ao longo da fronteira com o México, mas que o presidente rejeitou a proposta. Ele exortou os republicanos a entrar em acordo com os democratas. “Um partido que controla a Câmara, o Senado e a presidência prefere sentar-se e apontar culpados do que arregaçar as mangas e governar”.
A Casa Branca contesta a visão de Schumer. “A memória do senador Schumer é nebulosa porque seu relato da reunião de sexta-feira é falso”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, no domingo. “E a posição do presidente é clara: não negociaremos o status de imigrantes ilegais enquanto o senador Schumer e os democratas fizerem o governo para milhões de norte-americanos e nossas tropas refém.”
No domingo, grande parte da atividade do Senado centrou-se no grupo bipartidário de senadores trabalhando para criar um compromisso. Graham disse que McConnell deixou claro que a imigração seria uma das questões que considerariam quando o governo for reaberto. Mas Graham disse que esperava obter uma promessa de McConnell de que ele traria uma lei de imigração para o Senado no início de fevereiro. “Eu acho que isso seria suficiente para muitas pessoas”, disse Graham a repórteres.
McConnell havia dito que ele apresentaria uma legislação de imigração somente se tivesse o apoio de Trump. Mas os senadores republicanos disseram que ele estaria disposto a apresentar uma proposta mesmo sem o aval de Trump. Trump até agora não apoiou nenhuma legislação específica para os jovens imigrantes.
McConnell ameaçou realizar a próxima votação no projeto de lei de gastos de três semanas à 1h de segunda-feira, mas ela pode ocorrer antes ou depois, se houver acordo para tanto.
Enquanto isso, Trump falou com o líder da maioria da Câmara Kevin McCarthy (Republicanos, Califórnia) e com Cornyn, disse Sanders. Se o Senado aprovar o projeto de gastos de três semanas, espera-se que ele passe também Câmara, segundo os legisladores. Fonte: Dow Jones Newswires.