O Banco Central Europeu (BCE) pode reavaliar sua política monetária se recentes comentários sobre o movimento do cãmbio vindo de autoridades levarem a condições financeiras mais apertadas, afirmou Benoît Cœuré, do Conselho Executivo da instituição.
Durante painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Cœuré afirmou que os desdobramentos desde a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas sobre painéis solares e máquinas de lavar, visando produtores chineses, além dos comentários do secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, de que um dólar mais desvalorizado é “bom para o comércio”. O dirigente europeu disse que os comentários criaram volatilidade nos mercados. “A última coisa que a economia global precisa é de uma guerra cambial”, afirmou CœUre.
O dirigente do BCE falou sobre a economia da zona do euro e discutiu o ambiente no qual se encontra a instituição no momento para seguir sua trajetória de política monetária. Segundo Cœuré, a zona do euro teve uma recuperação econômica mais forte em 20 anos e que o programa de compra de estímulos (QE, na sigla em inglês) foi um “sucesso retumbante”, também nos EUA. “O estímulo não é apenas o QE, é também sobre a taxa de juros”, afirmou.
Ele declarou que as diretrizes do BCE terão de evoluir e destacou que os dirigentes estão discutindo a alteração das mesmas. Na última ata da instituição, foi sinalizado que havia a possibilidade de as diretrizes serem alteradas já no início do ano. Nesse sentido, CœUre ainda disse que está começando a ver os salários na zona do euro e o núcleo da inflação ganhando força e que esse pode ser um “ponto de virada” para a inflação.