Milhares de italianos foram às ruas neste sábado para protestar contra o racismo, sinais de volta do fascismo, reformas trabalhistas, vacinas obrigatórias e outras questões que vêm gerando calorosos debates no país, em meio à intensificação do antagonismo entre ativistas e extrema esquerda e extrema direita. Este é o último fim de semana de demonstrações políticas antes das eleições nacionais de 4 de março, e manifestantes realizaram marchas em várias cidades italianas. Em alguns locais, houve confronto com a polícia.
Em Milão, manifestantes de extrema esquerda entraram em confronto com a polícia, que tentava impedi-los de se aproximar de uma demonstração de extrema direita.
Em Roma, uma marcha que contou com a participação do primeiro-ministro Paolo Gentiloni e de outros ministros de seu governo de centro-esquerda condenou o racismo e o renascimento da ideologia fascista. Do outro lado da cidade, manifestantes protestavam contra medidas trabalhistas do governo que facilitaram a demissão de empregados. Ainda na capital italiana, outros protestavam contra a decisão do governo de tornar várias vacinas obrigatórias para crianças, outro tópico bastante discutido durante a campanha.
O ministro da Justiça, Andrea Orlando, disse que o renascimento do fascismo “é um perigo na Itália e na Europa”, e acrescentou que é arriscado subestimar esse fenômeno.
A campanha termina oficialmente em 2 de março. Pesquisas de opinião indicam que o parlamento pode ficar dividido em três blocos – centro-esquerda, centro-direita e o populista Movimento 5 Estrelas – e que nenhum teria maioria absoluta.
A campanha eleitoral foi manchada pela violência em 3 de fevereiro, quando um italiano na cidade de Macerata atirou contra migrantes africanos, ferindo seis deles. O suspeito, que já tinha concorrido em uma eleição local pelo partido anti-imigração Liga Norte, disse que estava vingando a morte de uma mulher italiana supostamente assassinada por migrantes africanos.
Em Milão neste sábado, o líder da Liga Norte e candidato a primeiro-ministro Matteo Salvini negou que seus apoiadores defendam a violência. Em vez disso, ele denunciou esse “antifascismo raivoso” e declarou que o fascismo é uma ideologia morta. A Constituição italiana proíbe a volta do fascismo, a ideologia do ditador Benito Mussolini antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
Manifestantes da Liga Norte levavam uma bandeira com o slogan de Salvini, “Italianos em primeiro lugar”.
Pesquisas de opinião indicam que muitos italianos culpam migrantes por crimes. A Liga Norte e o Movimento 5 Estrelas alegam que estrangeiros, que trabalham por salários menores, tiram empregos de italianos.
Em Roma, a polícia revistou ônibus que transportavam manifestantes para a cidade para garantir que as pessoas não levavam armas ou outros objetos perigosos.
Três estações de metrô em Milão foram fechadas como precaução perto da marcha de Salvini, perto da manifestação do grupo de extrema-direita CasaPound e nas proximidades de uma demonstração antifascista.
A situação era tensa em Palermo, na Sicília, onde alguns dias antes o líder local do partido de extrema-direita Forza Nuova foi espancado na rua. Algumas lojas fecharam mais cedo neste sábado, temendo um confronto entre participantes de uma marcha antifascista e aqueles que faziam parte de uma demonstração do Forza Nuova, mas a marcha seguiu pacificamente.
O líder nacional do partido, Roberto Fiore, disse durante comício em Trieste, no nordeste do país, que “essa campanha de ódio” é culpa de forças da extrema esquerda. Fiore rejeita o rótulo de neofascista, e diz simplesmente que é fascista.
Em Florença, um rapaz de 17 anos foi multado após ter sido pego pela polícia rasgando um pôster da candidata a primeira-ministra Giorgia Meloni, de direita. Alguns dias atrás, dois jovens foram feridos quando afixavam pôsteres de um pequeno partido de extrema esquerda. Fonte: Associated Press.