A primeira-ministra britânica, Theresa May, vai defender nesta sexta-feira a visão do Reino Unido para uma “parceria econômica ambiciosa” com a União Europeia (UE) após o Brexit – saída do país do bloco comum, marcada para março do ano que vem. O pronunciamento da premiê na Mansion House, em Londres, prevista para ocorrer no início da tarde local, é uma resposta ao esboço de propostas com 120 páginas apresentadas pela UE ontem. Na ocasião, o principal negociador do bloco para o Brexit, Michel Barnier, defendeu que as negociações fossem aceleradas.
O discurso deve mais uma vez ser abrangente, sem tocar em pontos específicos que são vistos como cruciais para as negociações, como a questão da fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte e mais detalhadamente o acesso britânico à União Aduaneira e ao mercado único europeu. “Implementar a decisão do povo britânico, atingir uma solução duradoura, proteger nossa segurança e prosperidade, entregar um resultado consistente com o tipo de país que queremos ser e reunir nosso país, fortalecendo a preciosa união de todo o nosso povo”, citará, conforme alguns trechos do pronunciamento antecipados por Dowing Street à imprensa.
A primeira-ministra prometerá entregar a “verdadeira mudança” para qual o país votou em junho de 2016, enquanto protege empregos e a segurança. Ela também dirá que um acordo “mais amplo e profundo” é possível, abrangendo mais setores e cooperando mais plenamente do que qualquer Acordo de Livre Comércio existente hoje no mundo. “Eu acredito que isso é possível porque é do interesse da UE, assim como o nosso, e, por causa do nosso ponto de partida único, onde no primeiro dia os dois lados terão as mesmas leis e regras. Então, ao invés de ter que aproximar dois sistemas diferentes, a tarefa será gerenciar o relacionamento uma vez que somos dois sistemas jurídicos distintos.”
A premiê retomará as palavras de julho de 2016, quando prometeu “forjar um novo e positivo papel positivo para nós mesmos no mundo e fazer a Grã-Bretanha um país que não funcione para poucos privilegiados, mas para cada um de nós”. “Essa promessa, para as pessoas do nosso Reino Unido, é o que me guia em nossas negociações com a UE.”
Theresa May estabelecerá cinco pontos que guiarão o Reino Unido durante as negociações. O primeiro é o de que o acordo com a UE deve respeitar o resultado do plebiscito. “Foi uma votação para assumir o controle de nossas fronteiras, leis e dinheiro. E uma votação para mudanças mais amplas, de modo que nenhuma comunidade na Grã-Bretanha nunca mais volte para trás. Mas não foi um voto para um relacionamento distante com nossos vizinhos”, deve dizer.
Em segundo lugar, a primeira-ministra defenderá que o novo acordo com a UE deve durar. “Depois de Brexit, o Reino Unido e a UE querem prosseguir com a construção de um futuro melhor para o nosso povo, e não queremos nos encontrar em volta da mesa de negociação porque as coisas foram destruídas.”
O terceiro ponto é o de que deve haver proteção do emprego e da segurança. “As pessoas no Reino Unido votaram para que nosso país tenha um relacionamento novo e diferente com a Europa, mas, embora os meios possam mudar, nossos objetivos compartilhados certamente não mudaram – trabalhar juntos para fazer crescer nossas economias e manter nossas pessoas seguras”, dirá.
O quarto item cita que o acordo com a UE deve ser consistente com o tipo de país que o Reino Unido deseja ser quando sair do bloco: uma democracia moderna, aberta, externa, tolerante e europeia. “Uma nação de pioneiros, inovadores, exploradores e criadores. Um país que celebra a nossa história e diversidade, confiante do nosso lugar no mundo; que atende às suas obrigações para com nossos vizinhos próximos e amigos distantes e orgulha-se de defender seus valores”, mencionará.
O quinto é, ao fazer todas essas coisas, fortalecer a união de nações e das pessoas. “Devemos reunir o nosso país, tendo em conta as opiniões de todos os que se preocupam com esta questão, de ambos os lados do debate. Como primeira-ministra, é meu dever representar todos no Reino Unido: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte; norte e sul, de cidades litorâneas e aldeias rurais a nossas grandes cidades.” Theresa May também dirá que o Reino Unido é um “campeão do livre comércio com base em padrões elevados”.