Depois de uma crise política e duas semanas de expectativa, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou na terça-feira, 16, a formação de seu novo ministério. O principal destaque é a entrada de Christophe Castaner, até então presidente do República em Movimento (REM), o partido político do chefe de Estado, no posto de ministro do Interior – responsável pela segurança e pelos serviços secretos civis.
Mudanças também ocorreram no Ministério da Cultura, no Ministério da Agricultura, além de postos de gestão pública e de relações com o Parlamento.
O novo governo também retoma a paridade de gênero nos cargos – 17 mulheres e 18 homens – e mantém o equilíbrio que marca a gestão de Macron: não ser um governo nem de direita, nem de esquerda.
Em pronunciamento na noite desta terça-feira, Macron justificou as mudanças de seu ministério pela busca da eficiência e da performance, mantendo a agenda de reformas políticas, econômicas e sociais – entre as quais a da previdência e a do Parlamento.
“Retomaremos plenamente o domínio de nosso destino. Isso não se fará em um dia”, afirmou o presidente, pedindo paciência aos franceses que esperam pelos resultados das reformas.
“Não há hoje nem virada, nem mudança de rumo ou de política. O que vocês podem ficar certos é do contrário: há uma vontade de agir que não perdeu em nada sua intensidade, e essa vontade está hoje ainda mais forte.”
A mudança no comando do Ministério do Interior, que controla a polícia e tem relação direta com o Ministério Público e a Justiça, ocorreu no mesmo dia em que a residência de um dos líderes da oposição na França, Jean-Luc Mélenchon, e a sede de seu partido, a França Insubmissa (esquerda radical), foram revistados pela polícia com ordem da Justiça.
As suspeitas do Escritório Central de Luta contra a Corrupção e as Infrações são de que a legenda tenha se valido de empregos fictícios no Parlamento Europeu para ajudar a financiar suas operações – mesmas acusações que também atingem Marine Le Pen, da União Nacional (ex-Frente Nacional, extrema direita). Também há suspeitas de caixa 2 nas contas de campanha nas eleições de 2017.
O deputado filmou a operação com seu celular e a transmitiu via redes sociais, provocando revolta em seu campo político. Denunciando um “golpe de Estado” judicial, o ex-candidato à presidência evocou a situação brasileira. “Eles encontrarão uma desculpa para me colocar atrás das grades, como Lula”, afirmou. “É essa a nova técnica deles.”