O Tesouro Nacional revisou a sua projeção para a dívida bruta e agora vê o indicador encerrando o ano em 94,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Antes, a previsão era fechar 2020 em 96,0% do PIB, mas uma queda menos intensa da atividade econômica e um rombo menor das contas anunciados pelo governo devem amenizar o resultado do endividamento neste ano.
Ainda assim, o patamar da dívida bruta estará bem maior do que em 2019, quando fechou em 75,8%. Além disso, o nível continua colocando o Brasil próximo a países com classificação de alto risco nas escalas de agências de rating. Um deles é a Argentina, cuja dívida está na casa dos 98,7% do PIB.
"O nível da dívida bruta está rompendo todos os níveis históricos do Brasil", alertou o Tesouro no Relatório de Riscos Fiscais da União, divulgado nesta quinta. "Fica evidente a urgência de se retomar o processo de consolidação fiscal do País, sobretudo evitando-se que novas despesas elevem o déficit fiscal, uma vez que este aumento implicaria na necessidade de medidas futuras que aumentem ainda mais a geração de resultados primários positivos", acrescentou o órgão.
O principal fator a impulsionar o aumento da dívida é a pandemia do novo coronavírus, que tornou necessária a ampliação de gastos para combater os efeitos da doença.
As novas projeções consideram o cenário macroeconômico mais recente da Secretaria de Política Econômica (SPE), divulgado na semana passada, e a atualização do cenário fiscal pelo 5º relatório bimestral do Orçamento. Por essas estimativas, o PIB deve cair 4,5% este ano, e o déficit deve ser de R$ 844,6 bilhões – ambas são menos piores que as anteriores.
Segundo o Tesouro, a dívida bruta deve atingir 94,5% do PIB em 2021 e avançar a 94,8% em 2022. Em 2023, a DBGG deve chegar a 95,7% do PIB, de acordo com as simulações.
Neste documento, o Tesouro só divulgou as projeções até 2023, mesmo horizonte das estimativas que constam na proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021. No relatório quadrimestral da dívida, publicado no fim de outubro, as projeções eram feitas até 2029. O documento apontava que a dívida do Brasil passaria dos 100% do PIB em 2025.
No caso da dívida líquida, que desconta ativos do País como as reservas internacionais, as projeções também foram revisadas e apontam para 66,5% do PIB em 2020, 69,4% em 2021, 72,6% do PIB em 2022 e 75,8% do PIB em 2023.