Internacional

Google testa aplicativo anticensura na Venezuela

O Google lançou uma ferramenta destinada a combater a censura à imprensa em todo o mundo: o aplicativo Intra, que foi testado primeiro na Venezuela, onde jornalistas lutam contra um governo empenhado em restringir a ação de repórteres que expõem corrupção e abusos de direitos humanos na internet.

Nos últimos anos, os que querem acessar sites independentes na Venezuela têm se deparado com uma mensagem dizendo que o endereço não existe, um problema que a maioria atribui às medidas do governo para bloquear o acesso à informação crítica. “É muito difícil levar chegar notícias às pessoas”, disse o senador Melanio Escobar, um jornalista e ativista venezuelano que testou o Intra antes do lançamento este mês.

O governo controla a internet por meio da CANTV, o maior provedor de serviço online do país. Segundo Escobar, empresas privadas menores seguem suas diretrizes para se manter no negócio.

O Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela, um grupo que defende a liberdade de expressão, disse que, desde 2014, sites de notícia críticos ao governo recebem cada vez mais ataques. Em agosto, um teste de quatro dias tentou acessar 53 sites e, segundo os investigadores, foi detectado que quase metade estava bloqueada. O Ministério da Comunicação da Venezuela não respondeu aos pedidos de comentário.

Intra, o aplicativo disponível somente para Android, foi desenvolvido para superar esse bloqueio conectando os usuários diretamente aos servidores do Google, que acessam o sistema de nomes do domínio, uma espécie de lista telefônica da internet. Isso evita qualquer bloqueio imposto pelas empresas de internet locais e dificulta que governos e outros interlocutores bloqueiem o acesso a determinadas páginas.

A Venezuela vive uma profunda crise econômica e o presidente, Nicolás Maduro, afirma que os EUA e outros agentes estrangeiros conspiram para tirá-lo do poder. Os jornalistas venezuelanos trabalham sob a ameaça de prisão ou processo, o que levou a muitos saírem do país.
A Assembleia Constituinte, pró-governo, criada em 2017 para contornar o Parlamento – controlado pela oposição desde as últimas eleições -, aprovou uma lei que decreta penas de até 20 anos de prisão por publicar material considerado “nocivo”.

Jared Cohen, fundador e diretor da Jigsaw, uma unidade da empresa matriz do Google, disse que sua equipe criou o aplicativo a partir do diálogo aberto com jornalistas e especialistas em tecnologia venezuelanos sobre os obstáculos que enfrentam para publicar seu trabalho. O Intra foi lançado para todo o mundo no dia 3, depois de vários meses de testes na Venezuela.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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