A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, anunciou nesta segunda-feira que, ao fim do atual mandato, em 2021, não buscará a reeleição a chanceler federal ou ao Parlamento e nem tampouco qualquer outro cargo político. A legislatura em curso, ela garantiu, é a sua última no posto mais alto do país.
Em coletiva de imprensa na chancelaria, em Berlim, a chefe da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em inglês) revelou também que não apresentará candidatura na eleição à liderança do partido na convenção nacional em dezembro, a ser realizada na cidade de Hamburgo.
Mesmo com o anúncio de hoje, ela reiterou estar pronta para continuar como chanceler pelo restante do atual mandato. Mas disse ser sua “profunda convicção” que “liderança de partido e o cargo de chanceler andam de mãos dadas”. A sua permanência como chefe de governo após a CDU escolher um novo líder em dezembro, explicou, só é possível por “tempo limitado”.
“Com esta decisão, tento dar uma contribuição para possibilitar ao governo federal que concentre suas forças em governar bem”, declarou a democrata-cristã, em referência às turbulências internas que marcaram, desde a sua formação, a coalizão com a “legenda-irmã” União Social-Cristã (CSU, na sigla em alemão) e com o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).
A iniciativa de anunciar antecipadamente sua saída da vida política veio no dia seguinte a mais uma derrota eleitoral no plano regional sofrida pela União (CDU e CSU), desta vez no Estado de Hesse, apenas semanas após fracassar na Baviera. Apesar de continuarem, respectivamente, como os partidos mais votados nos Parlamentos de cada um desses Estados, a CDU e a CSU perderam mais de 10 pontos porcentuais em relação aos últimos pleitos, cinco anos atrás.
Após classificar o resultado em Hesse como algo “amargo” e fonte de “desilusão”, Merkel reconheceu que a CDU poderia obter números melhores “se não fosse a sombra negativa da coalizão federal”. Até no plano nacional, admitiu ela, a imagem ruim externada pela aliança da União com o SPD ofuscou o “trabalho sério” feito pelo atual governo.
Por isso, Merkel concluiu: “Após as turbulências na coalizão federal, não podemos apenas retomar o dia a dia”, como se nada tivesse acontecido.