Os dados da caixa-preta do avião da Lion Air que caiu na semana passada mostram que os últimos quatro voos da aeronave tiveram um problema de velocidade, disseram os investigadores nesta segunda-feira, 5, depois que parentes das vítimas confrontaram o co-fundador da companhia aérea em um evento organizado pelas autoridades.
O chefe do Comitê Nacional de Segurança em Transportação da Indonésia, Soerjanto Tjahjono, disse que a falha era similar em cada um dos quatro voos, incluindo a queda fatal de 29 de outubro, matando todos os 189 passageiros a bordo quando o avião mergulhou no Mar de Java minutos depois da decolagem.
Problemas com os voos anteriores foram reportados e “quando nós abrimos a caixa-preta, de fato o problema técnico foi a velocidade em relação ao ar ou a velocidade do avião”, disse Tjahjono em entrevista coletiva. “Dados da caixa-preta mostram que os dois voos antes de Denpasar-Jacarta também tiveram o mesmo problema”, ele disse.
No encontro com membros das famílias, ele disse que as informações baixadas do gravador de voo do avião foram consistentes com os relatórios de que a velocidade e altitude da aeronave foram instáveis depois da decolagem no voo final. Mergulhadores ainda tentam buscar o gravador de voz da cabine do piloto.
A Lion Air afirmou que os problemas técnicos com o avião foram consertados depois de problemas com o voo de Bali para Jacarta.
O co-fundador da empresa, Rusdi Kirana, não foi convidado para falar ao lado do Ministro dos Transportes, Budi Karya Sumadi, que moderou o encontro entre os parentes e os oficiais que estavam supervisionando a procura e a investigação. Mas ele foi ao evento e abaixou a cabeça depois que membros de uma família exigiram que Kirana, que fundou a Lion Air com seu irmão Kusnan Kirana em 1999, se identificasse.
Depois do encontro, Kirana saiu rapidamente, evitando questões dos repórteres.
Muitas famílias enfrentam a espera para que os parentes desaparecidos sejam identificados. Médicos da polícia receberam mais de 140 sacos mortuários de restos humanos e identificaram 14 vítimas.
Os parentes questionaram por que o Boeing 737 MAX 8, de 2 meses de uso, foi aprovado para voar depois de enfrentar problemas no voo de Bali a Jacarta em 28 de outubro. Nesse voo, uma rápida descida depois da decolagem assustou os passageiros.
“A Lion Air disse que o problema foi consertado. É verdade que o problema foi consertado?”, disse Bambang Sukandar, cujo filho estava no voo. “Se não foi, os técnicos no comando devem ser responsáveis”, disse. “Eles declararam que o avião estava aprovado para decolar novamente. Esses técnicos ruins precisam ser processados para prevenir que outros acidentes continuem na Indonésia.”
Tjahjono afirmou que a grande quantidade de pequenos entulhos e a relativa pequena área de escombros mostraram que o avião atingiu a água em alta velocidade. “O avião estava intacto quando atingiu o mar, ele não explodiu no ar. E o motor estava funcionando em alta rotação por minuto quando atingiu a água, o que é verificado pela perda de todas as lâminas da turbina”, disse. Fonte: Associated Press