A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, disse que pretende conversar com cada líder da União Europeia e com o chefe da Comissão Europeia para buscar mudanças no acordo do Brexit. A decisão foi tomada dias após mais uma derrota da premiê no Parlamento e no momento em que empresas britânicas anunciam investimentos para evitar prejuízos.
Em suas conversas com líderes da UE e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, May tentará mudar o mecanismo que regula a fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte, a parte mais contenciosa do acordo do Brexit, com o qual ela concordou em novembro.
May garante que pode aprovar seu acordo no Parlamento se obtiver concessões, principalmente na questão irlandesa. Um Brexit sem acordo significaria um retorno da fronteira física entre os dois territórios, o que muitos irlandeses veem como um risco de retorno ao período de violência nacionalista e religiosa dos anos 80.
O problema de May é que a derrota sofrida por ela em uma votação simbólica no Parlamento, na quinta-feira, enfraqueceu sua promessa e aumentou o risco de um Brexit sem acordo no dia 29 de março.
Se May não conseguir aprovar um acordo no Parlamento, ela terá de decidir se adia o Brexit ou se deixa a quinta maior economia do mundo viver uma situação caótica. Com o relógio correndo, empresas britânicas disseram não ter outra alternativa senão aprovar medidas de emergência para lidar com um cenário de saída da UE sem acordo.
“As empresas estão agora testando os airbags em seus preparativos para o Brexit”, disse James Stewart, da consultoria KPMG UK. “Tempo é um luxo que não temos mais. Então, as pessoas estão se preparando para possíveis impactos imediatos.”
A gigante Airbus, que projeta e fabrica asas para suas aeronaves no Reino Unido, disse neste domingo, 17, que um Brexit sem acordo seria “absolutamente catastrófico”. “Não existe isso de ter uma saída sem acordo de maneira gerenciável. É absolutamente catastrófico para nós”, afirmou à BBC a vice-presidente da Airbus, Katherine Bennett. “Algumas decisões difíceis terão que ser tomadas se não houver acordo. Teremos de reavaliar nossos futuros investimentos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.