Um militar do alto comando das Forças Armadas da Venezuela declarou na noite de terça-feira, 19, desobediência contra o presidente Nicolás Maduro, ampliando os rumores sobre o mal-estar entre o Exército bolivariano e o governo do chavista.
O coronel Pedro Chirinos Dorante, que se identificou como assessor militar adjunto da missão permanente da Venezuela na Organização das Nações Unidas, anunciou em vídeo divulgado nas redes sociais que se declarava em “desobediência” contra o governo Maduro.
Vestindo traje militar verde-oliva e boina negra, entre as bandeiras da Venezuela e da ONU e com um quadro de Simón Bolívar ao fundo, o coronel ofereceu subordinação ao “governo de transição” do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que se autodeclarou presidente interino do país em janeiro.
Chirinos Dorante é o quarto oficial, sem acesso a tropas, que se rebela contra Maduro em menos de um mês. Até o momento, as autoridades não comentaram o caso.
Ao final de janeiro, o agregado militar da embaixada da Venezuela em Washington, o coronel da Guarda Nacional José Luis Silva, anunciou que não reconhecia Maduro. Depois, foi a vez do general da Aviação Francisco Esteban Yánez Rodríguez e do coronel da ativa Rubén Paz Jiménez.
As declarações de Chirinos vieram horas depois do comunicado do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, reiterando o respaldo das Forças Armadas a Maduro. Desde o início da atual crise política venezuelana em janeiro, o alto comando demonstrou apoio a Maduro, que aumentou a participação em atos oficiais do Exército. Atualmente, os militares são o principal suporte do governo no poder.
Apesar disso, persiste a incerteza sobre se essa postura é respaldada pelos militares de patentes média e baixa, os mais atingidos pela crise econômica que assola o país. Analistas sustentam que o descontentamento nos quartéis se reflete nas milhares de deserções de dezenas de militares nos últimos meses.
Nos próximos dias, o Exército desempenhará papel crucial no embate entre o governo e a oposição para permitir ou não a entrada de ajuda humanitária ao país.