Em mais uma tentativa de aprovar seu plano para o Brexit, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, anunciou nesta terça-feira, 2, que pedirá à União Europeia outro adiamento do prazo (que terminaria dia 12) para dar mais tempo ao Parlamento britânico para aprovar o acordo.
“Então precisaremos de uma extensão adicional do Artigo 50, um que seja o mais curto possível e que termine quando aprovarmos um acordo. E precisamos ser claros sobre para o quê serve tal extensão, para garantir que saiamos de maneira ordenada e no tempo certo”, disse May em uma declaração televisionada a partir de seu gabinete em Downing Street.
Durante a declaração, May sugeriu uma reunião com o líder do Partido Trabalhista, de oposição, Jeremy Corbyn, para chegar a um acordo sobre um plano que encerre a resistência dos deputados. “Hoje estou tomando ação para romper o impasse. Estou me oferecendo para sentar com o líder da oposição e tentar concordar sobre um plano sobre o qual nós dois nos ateríamos para garantir que deixemos a União Europeia e que o façamos com um acordo.”
Corbyn aceitou se reunir com a premiê, mas não foram divulgados detalhes de quando e onde ocorrerá o encontro.
Após o discurso de May, o presidente do Conselho da UE, Donald Tusk, afirmou nesta terça-feira que os líderes da União Europeia devem ter paciência com o Reino Unido durante a luta do país para encontrar apoio majoritário para o Brexit. “Mesmo se, depois de hoje, não soubermos qual será o resultado final, vamos ser pacientes”, disse Tusk no Twitter.
O impasse
Quase três anos depois do referendo de 2016 e após o Reino Unido ter superado a data estabelecida inicialmente para o Brexit – 29 de março de 2019 -, os britânicos permanecem no escuro sobre que acontecerá no futuro imediato.
O Tratado de Retirada, plano que a primeira-ministra negociou com Bruxelas e foi aceito pela UE, foi rejeitado três vezes pelo Parlamento britânico, mas os deputados tampouco conseguiram chegar a um acordo sobre qualquer opção alternativa.
Assim como o Partido Conservador, o Executivo está muito dividido entre os que desejam uma saída radical e os partidários de um longo adiamento ou de um Brexit suave para evitar um cenário brutal, que afetaria gravemente a economia.
Há duas semanas, a UE concedeu um pouco mais de tempo ao Reino Unido para evitar um Brexit brutal – sem acordo, mas o bloco está começando a perder a paciência com o caos político em Londres e deixou claro que o país deve apresentar uma solução até o dia 12.
A data não foi escolhida ao acaso, pois este dia é o último para a apresentação de candidaturas às eleições europeias de maio e se o Reino Unido decidir solicitar um adiamento longo do Brexit terá que participar no pleito.
O adiamento, no entanto, não seria automático e Londres deve apresentar argumentos para justificar o mesmo, o que significa que May precisa encontrar uma solução antes da reunião extraordinária que a UE convocou para 10 de abril em Bruxelas. (Com agenciais internacionais)