A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados estariam avaliando pelo menos dois cenários que elevariam a produção de petróleo acima dos atuais níveis, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões. Se o grupo, enfim, optar pelo aumento da produção, há um problema: simulações internas do cartel sugerem que o mercado global de petróleo poderia registrar um excesso de oferta caso os produtores deixem de lado os atuais compromissos de controle da produção muito rápido.
Um grupo chave de produtores da Opep e aliados liderados pela Rússia devem se reunir amanhã, diante das crescentes tensões no Oriente Médio que têm ampliado as interrupções de produção na região. Nenhuma decisão oficial, porém, será tomada antes da reunião de Cúpula. Segundo as fontes, o encontro se trata de um mero debate e deve resultar apenas em recomendações a serem adotadas no próximo encontro da Opep, marcado para junho, em Viena.
Em dezembro, a Opep e seus parceiros concordaram com um corte de 1,2 milhão barris por dia (b/d) na produção. A estratégia tem estimulado uma recuperação nos preços do petróleo este ano, mas o acordo termina em junho. O grupo reunido neste final de semana está em busca de uma solução para o segundo semestre deste ano que não pressione os mercados de petróleo.
Em um dos cenários apresentados ao grupo na sexta-feira, presume-se que tanto os membros da Opep quanto os países não-membros (aliados) irão permanecer totalmente comprometidos com o acordo ao longo de maio e junho, acrescentam as fontes. Considerando que alguns países atualmente estão cortando mais do que o acordado, se todos os países voltarem a produzir dentro dos níveis acordados no final do ano a produção coletiva do grupo registraria um aumento de 396 mil b/d para membros do cartel e de 411 mil b/d para o grupo de países não-membros em relação aos níveis de abril, com base em dados da Opep.
Em outro cenário, apontam as fontes, seria permitido aos produtores retornar ao nível máximo alcançado nos primeiros quatro meses de 2018 – antes do início da retomada de cortes – ao longo do segundo semestre.
A primeira hipótese, de comprometimento total e irrestrito com o acordo de dezembro, poderia resultar em uma queda nos estoques no segundo semestre. A segunda, por sua vez, levaria a um novo aumento na produção para níveis acima da média dos últimos cinco anos já no quarto trimestre de 2019.
Irã, Líbia e Venezuela
Os dois cenários são otimistas ao presumir que os membros mais problemáticos da Opep (Irã, Líbia e Venezuela) irão manter os níveis de produção inalterados de abril até o final do ano.
Ao chegar para o encontro em Jeddah neste sábado, o presidente da petrolífera estatal Líbia, National Oil Corp.(NOC), Mustafa Sanallah, alertou que a produção do país poderia cair 95% em um cenário de guerra civil. Sanallah confirmou ainda um ataque ocorrido neste sábado contra um campo de petróleo no sudeste do país. O Estado Islâmico já reivindicou responsabilidade pela ação. Aliado a isso, Irã tem enfrentado novas sanções dos EUA, bem como a Venezuela.
Como resultado da prática de alguns países de cortar mais do que o acordado, a aliança já teria reduzido o excedente de estoques em 172 milhões de barris – cerca de 30 milhões de barris a mais do que o esperado, segundo fontes.
A Arábia Saudita também está propondo um terceiro cenário, mais conservador, que mudaria a métrica do cálculo de estoque excedente, indicam as fontes. O novo modelo utilizaria o período de 2010 a 2014 como ponto de referência – um período que precedeu o movimento de avanço (ramp up) na produção. Os sauditas argumentam que a Opep deveria adotar um cálculo mais conservador de estoques devido aos riscos representados pela desaceleração no crescimento da economia global e a crescente produção de xisto dos EUA, que tem alterado a dinâmica da indústria do petróleo. Fonte: Associated Press.